Acordo de cibersegurança entre China e EUA olhado com ceticismo

O diretor dos serviços de inteligência norte-americanos encara com ceticismo o acordo estipulado entre Obama e Xi Jinpin, e acredita que pode não ser tão eficaz como desejado no combate à criminalidade cibernética e aos ataques que têm atingido as infraestruturas informáticas dos Estados Unidos.

O entendimento alcançado entre os Presidentes norte-americano e chinês, no final da semana passada, surgiu como um progresso da cooperação sino-americana contra o cibercrime. No entanto, aquando do próprio anúncio do acordo, tornou-se evidente que as tensões entre as duas potências persistiam. Há algum tempo que Washington suspeita que Pequim tem sancionado vários ataques cibernéticos às redes informáticas de corporações norte-americanas, que têm resultado na fuga de milhões de informações relativas a funcionários federais. O governo chinês, de todas as vezes que foi confrontado com as acusações disparadas pelos EUA, optou por cerrar fileiras e negar, terminantemente, o seu envolvimento em atividades que caracteriza como sendo marginais e inadmissíveis.

Esta terça-feira, perante o Comité das Forças Armadas do Senado norte-americano, James Clapper, que supervisiona todas as agências de inteligência do governo, afirmou, segundo a Reuters, que o acordo entre Obama e Xi Jinping não especifica as sanções que serão aplicadas aos hackers chineses que atentarem contra a segurança da infraestrutura de TI dos EUA.

A agência noticiosa avança que, ao Comité, Clapper declarou não acreditar que o acordo conseguisse atenuar a vaga de ciberataques chineses às redes do país. O mais alto responsável dos serviços de inteligência norte-americanos afirmou ainda que se desconhece até onde se estendem as raízes das operações de ciberespionagem chinesa nos EUA.

Clapper, ecoando as visões de muitos outros oficiais norte-americanos de alta patente, disse que, tendo em conta a crescente sofisticação, frequência e escalabilidade dos ciberataques, o governo de Washington tem de se munir de um “dissuasor nuclear” para a esfera cibernética.

O oficial acredita que até que os EUA demonstrarem ser capazes de contra-atacar com a mesma ou maior força do que os atacantes, as ameaças cibernéticas, nomeadamente as que beneficiam de apoio estatal, continuarão a ser cada vez mais.

Apesar dos apertos de mão e dos sorrisos diplomáticos trocados entre Obama e Xi Jinping, na sexta-feira passada na Casa Branca, a guerra cibernética entre a potência do Ocidente e a potência do Oriente continua de vento em popa. Poderá até considerar-se que este acordo trata-se somente de uma cortina de fumo, uma forma de dar a entender ao mundo que os Dois Grandes estão unir forças para colocar termo ao cibercrime. Mas como podem dois países aliar-se em prol da cibersegurança quando eles próprios se combatem no mundo cibernético?