Apple quer melhorar condições laborais dos trabalhadores

A Apple revelou o relatório de responsabilidade relativo a 2014, uma iniciativa que pretende desmitificar o que acontece nas fábricas onde os produtos são construídos, no continente asiático. Os resultados mostram que o número máximo de horas de trabalho semanais não é cumprido e que os empregadores estão a cobrar taxas aos trabalhadores para que estes façam o seu trabalho.

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As fábricas, na Ásia, que produzem os milhões de iPhones, iPads e outros equipamentos vendidos pela Apple são de alguma forma inspecionadas pela empresa sempre que esta elabora um novo relatório de responsabilidade. Para a análise dos dados de 2014, foram auditados fornecedores em 19 países e realizaram-se cerca de 30 mil chamadas a trabalhadores para que fossem questionados sobre o cumprimento dos seus direitos.

Este é o nono estudo realizado pela Apple com o objetivo de compreender o cenário em que os seus produtos são fabricados e a conclusão é de que os trabalhadores ainda têm um longo caminho a percorrer para que o sistema laboral seja mais justo.

Entre os problemas apontados, destaca-se a questão do bonded servitude, uma taxa que os fabricantes estão a aplicar aos trabalhadores aquando do seu recrutamento, ou seja, ainda antes de começarem a trabalhar o que faz que iniciem o novo emprego já com uma dívida. Esta situação acontece especialmente em épocas de trabalho acrescido como é o caso de quando um novo produto é lançado, levando os fornecedores a contratar trabalhadores, muitas vezes estrangeiros, a partir de terceiros. A esses trabalhadores é cobrada uma taxa para que possam trabalhar e pode atingir valores superiores a um salário mensal.

A Apple mostrou-se radicalmente contra a aplicação desta taxa, e obrigou os fabricantes a eliminá-la. Ainda assim, o pedido não surtiu um efeito total e, por isso, a empresa decidiu assumir esses custos e pagar as taxas para que os trabalhadores não saiam prejudicados e não tenham de pagar para trabalhar. Esta bonded servitude tem sido apelidada pela Organização das Nações Unidas como uma forma de escravatura moderna.

Para além desta taxa, existem outras questões que põem em causa os direitos dos trabalhadores como é o caso da confiscação dos documentos de identidade e passaportes, por parte das agências de recrutamento, de modo a garantir que os mesmos não abandonariam a fábrica e que pagariam até ao fim as dívidas entretanto contraídas.

O relatório de responsabilidade e progresso revela ainda um passo atrás num campo em que a Apple já tinha conseguido algumas vitórias. A empresa definiu as 60 horas laborais como período máximo semanal e em 2013 havia registado um cumprimento desta regra em 95 por cento dos casos mas em 2014, o número desceu. No ano passado, apenas 92 por cento dos trabalhadores cumpriu menos de 60 horas por semana.

O objetivo da Apple é que este valor chegue aos 100 por cento, garantindo, assim melhor condições de trabalho para aqueles que estão nas fábricas a produzir os equipamentos da empresa.