Bonecos inteligentes colocam crianças em perigo

Apesar do elevado grau de interatividade para as crianças, os brinquedos conectados à internet também representam um risco para a privacidade. Esta preocupação motivou a que 18 grupos dessem início a reclamações na Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos e na União Europeia. Em Portugal o alerta foi dado pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor.

A principal denúncia recai sobre os brinquedos eletrónicos “My Friend Cayla” e “i-Que”. Estes dois brinquedos ligam-se à internet e podem colocar as crianças em perigo uma vez que mostram falhas na proteção, privacidade e direitos dos consumidores mais novos, segundo anuncia a Deco em comunicado.

Esta notícia surge em Portugal depois das características técnicas dos brinquedos que se ligam à internet terem sido analisadas pelo Conselho de Consumidores Norueguês. O Conselho equivalente à Deco concluiu que estes brinquedos provocam “infrações graves aos direitos das crianças, nomeadamente no que diz respeito à privacidade dos dados pessoais.” Os microfones que estão incorporados nos brinquedos utilizam tecnologias de reconhecimento de fala que lhes permite que conversem com as crianças.

Contudo, quando as crianças interagem com estes brinquedos, podem partilhar informações pessoais que depois podem ser vendidas a empresas terceiras sem necessitarem da autorização do consumidor. Para além disso, segundo explica a Deco “qualquer pessoa pode assumir o controlo dos brinquedos através de um telemóvel, tornando possível falar e ouvir através do brinquedo sem ter acesso físico ao mesmo.”

A associação explica ainda que os brinquedos dizem frases pré-programadas que fazem alusões a produtos comerciais. A Deco dá o exemplo da boneca Claya que transmite “o quanto gosta de alguns filmes da Disney.” Segundo explica a associação estas falas mostram uma “clara relação comercial entre o fabricante e a Disney.”

Estes dois brinquedos não estão à venda em lojas físicas em Portugal mas estão acessíveis aos consumidores através de plataformas como a Amazon e o eBay. A Deco lembra que caso tenha adquirido um destes produtos pode resolver o contrato celebrado pela internet no prazo de 14 dias e pode reclamar junto do vendedor e produtor.