Empresas portuguesas olham para IA como mais-valia

Uma em cada três empresas já utilizam IA em backoffice mas a falta de competências internas preocupa os empresários.

A IA – Inteligência Artificial está a transformar a gestão de backoffice nas empresas portuguesas, especialmente em áreas críticas como pagamentos e recuperação de crédito.

Segundo o EPR – European Payment Report 2024, elaborado pela Intrum, 55% das empresas nacionais acredita que ficará atrás da sua concorrência se não conseguir adotar a IA e outras novas tecnologias de pagamento.

Por outro lado, uma em cada três empresas portuguesas (34%) já utilizam aplicações específicas para tarefas administrativas individuais de backoffice, 52% das empresas está a realizar testes limitados com IA, enquanto 9% não planeiam investir na tecnologia e 5% já generalizou a sua implementação nos seus processos internos.

A aplicação de tecnologia e IA na recuperação de crédito representa “um avanço significativo e uma grande oportunidade para as empresas, proporcionando benefícios como maior eficiência, precisão nas previsões de pagamento, personalização nas abordagens e melhor gestão de riscos”.

No entanto, o EPR2024 revela que as empresas reconhecem que vão precisar de investir em competências internas, apostar no recrutamento de recursos humanos para suprir lacunas de conhecimento ou estabelecer parcerias com empresas que já usam IA nos seus processos de negócios.

Por exemplo, 58% das empresas portuguesas auscultadas neste estudo da Intrum, concorda que irá enfrentar dificuldades para encontrar as competências internas necessárias para extrair valor real da IA (média europeia: 55%).

De acordo com o EPR2024, 51% das empresas concorda que os avanços na IA aumentarão significativamente a sua capacidade para gerir pagamentos em atraso; 44% acredita que a inovação em pagamentos (incluindo pagamentos em tempo real, P2P e criptomoeda) está a evoluir rápido demais para que organizações como a sua possam acompanhar e 41% reconhece que se não implementar ferramentas de IA nos seus processos administrativos, rapidamente ficará atrás dos concorrentes que já o fazem.

O EPR2024 revela, ainda, que metade das empresas portuguesas acredita que existe algum risco de a IA tomar decisões erradas com base nos dados dos clientes e que 63% receia que a utilização destas ferramentas pode colocar em causa o contacto pessoal com os clientes.

Cerca de 56% dos inquiridos considera, também, que desconhece a forma como a IA toma decisões.

A nível europeu, o EPR2024 destaca que metade dos gestores acredita que os avanços na IA podem ajudar a gerir os pagamentos em atraso.

A IA tem tantos benefícios potenciais que mais de metade das empresas (54%) teme ficar atrás da concorrência se não utilizarem novas tecnologias de pagamento, e 46% acreditam que isso acontecerá se não usarem ferramentas de IA nos seus processos administrativos.

Tal como em Portugal, as empresas europeias estão preocupadas com a falta de competências nesta área.

Mais da metade dos gestores (55%) dizem que não conseguem encontrar internamente as competências para retirar valor da IA.

O problema é menor em alguns países – incluindo Eslováquia e Eslovénia – que investiram em educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática nos últimos anos.

O recrutamento está longe de ser simples num mercado onde a escassez de competências está bem documentada, diz o estudo: em 2023, a CE informou que mais de sete em cada dez empregadores reportavam falta de pessoal com as competências digitais de que precisam.