IDC Directions 2015: Novas tecnologias, novos negócios

Desde o retalho à Banca, passando pelas telecomunicações, as tecnologias da chamada “3ª Plataforma” estão a reconfigurar os modelos de negócio, os perfis de consumo e até mesmo as cidades onde vivemos.

A diretora do setor público e corporativo da Vodafone Portugal, Sofia Mendes, falou no IDC Directions 2015 sobre o papel das operadoras na transformação digital dos centros urbanos. A responsável disse que, em 2050, 66 por cento da população mundial viverá em cidades, criando sérios desafios ao nível da gestão de recursos.

Mas as Smart Cities, ou Cidades Inteligentes na nomenclatura portuguesa, podem ser a solução para os problemas da sobrepopulação, através de uma gestão mais inteligentes das urbes, baseada em sistemas tecnológicos avançados, na conectividade e na análise preditiva de riscos, podendo estes ser colmatados antes mesmo de danificarem a dinâmica citadina.

No entanto, Sofia Mendes referiu que o desafio não é a escassez de soluções mas sim a escolha da solução correta de entre uma multiplicidade de tecnologias. Ela disse que é preciso padronizar as soluções de Internet das Coisas, que fundamentam estes novos paradigmas de centro urbano, e que é preciso fazer uma gestão adequada e eficaz dos grandes volumes de dados gerados pelas diversas tecnologias.

A abertura das plataformas tecnológicas é também algo a ter em conta, para que seja potenciado o desenvolvimento de soluções escaláveis e interoperáveis. A representante da Vodafone Portugal assinalou a dificuldade com que os municípios se deparam no que toca à gestão destas tecnologias, derivada da falta de competências para lidar corretamente com elas.

Sofia Neves sublinhou também a importância do desenvolvimento de plataformas transversais aos vários municípios, de forma a ser criado um sistema inter-citadino dinâmico e interoperável.

A executiva disse que o papel da Vodafone, na qualidade de operadora de telecomunicações, é atuar como agregador de todas estas soluções e procurar torna-las tecnologias ubíquas e padronizadas.

Ela declara que “há ainda muito trabalho a fazer”, mas está confiante que o nascimento das Smart Cities “é só uma questão de tempo”.

Por seu turno, Paula Panarra, diretor de marketing e operações da Microsoft Portugal, debruçou-se sobre a dimensão do retalho. A gestora começou por salientar que o consumidor está mais informado e exigente, que as lojas e as marcas têm de apostar na sua diferenciação de forma a conservarem a sua relevância na Era Digital, e que a personalização da experiência de compra é um fator determinante para o sucesso de qualquer retalhista ou comerciante.

Paula Panarra referiu-se ao Future Food District, um protótipo de supermercado do futuro, em exibição na Expo 2015 em Milão, onde é demonstrado o potencial das novas tecnologias, como robótica, análise preditiva e sensores, ao nível do comércio, neste caso, de alimentos.

Do lado do comerciante, as tecnologias permitem recolher dados, em tempo real, dos hábitos de compra dos seus clientes. Estes dados podem (e devem) ser convertidos em ativos do negócio, sustentando, por exemplo, estratégias de posicionamento de produtos nas prateleiras, aumentar o aprovisionamento de determinados produtos de grande procura ou reduzir o stock de artigos que não sejam rentáveis.

Para além disso, os funcionários dos estabelecimentos comerciais poderão, através de tablets, smartphones ou outro dispositivo móvel, aceder, no momento, a informações relativas a qualquer um dos seus produtos, permitindo ao consumidor beneficiar de uma experiência mais dinâmica e, até mesmo, mais personalizada.

Falando da Banca, João Oliveira Diniz, diretor executivo da Kofax Portugal (adquirida em maio deste ano pela Lexmark), disse que existe uma enorme pressão ao nível da regulamentação destas novas tecnologias. A título de exemplo, o responsável afirmou que a assinatura digital está a ter dificuldade em tornar-se convencional, tendo em conta que, em muitos casos, surge como uma falta de concordância com as normas legais, tanto da empresa, como do próprio setor.

João Diniz referiu que é importante simplificar e inovar os modelos de interação com o cliente, ir ao encontro dele, independentemente da plataforma pela qual ele acede aos serviços do banco.

O gestor considera, também, que a automatização de processos é uma boa forma de reduzir custos e que toda a informação deve ser tratada da mesma forma, seja qual for o seu ponto de origem.