Internet das Coisas no trabalho não é para já

O site de tecnologia The Inquirer veio alertar que a presença de wearables no escritório ainda não é uma realidade assim tão próxima como seria de esperar.

O futuro da Internet das Coisas (IoT) é apregoado como incontornável e garantido. Está a chegar, já sabemos. E as previsões estão lançadas: já em 2020, deverão existir cerca de 28 mil milhões de aparelhos conectados em todo o mundo, segundo a IDC. A Gartner desvia-se um pouco, estimando 26 mil milhões destes dispositivos.

Nos dias de hoje, já vemos a IoT dar os primeiros passos. Ora são os relógios inteligentes que quase pensam por nós, ora são os carros autónomos que não precisam sequer de nós. Poderíamos estender esta inevitabilidade de um quotidiano repleto de dispositivos ligados à Internet também ao local de trabalho. Mas o site de tecnologia The Inquirer veio alertar que a presença de wearables no escritório ainda não é uma realidade assim tão próxima.

As potencialidades

Não que os wearables não possam acrescentar muito ao mundo do trabalho. O estudo Human Cloud at Work diz mesmo que a tecnologia inteligente tem capacidade para aumentar a produtividade dos funcionários em 8,5 por cento.

Mais, a IoT no local de trabalho pode facilitar a verificação da identidade dos colaboradores, pela “autenticação humana”. “Os wearables podem fornecer uma alternativa robusta à utilização de palavras-passe e ter um papel importante em várias áreas do escritório em que a autentição do serviço é necessária”, disse  ao The Inquirer Kevin Curran, membro do Institute of Electrical and Electronics Engineers.

Também na saúde a Internet das Coisas pode intervir, acrescentando valor ao negócio com programas de bem-estar. Com a utilização dos wearables, os empregados podem saber mais sobre os seus corpos e o seu nível de desgaste no trabalho.

Esta enumeração poderia ocupar mais algumas linhas. Mas a chegada da Internet das Coisas às secretárias das empresas não vai ser tão fácil assim.

O problema

O que está a travar a Internet das Coisas tem nome. Chama-se “intercompatibilidade”, explica o The Inquirer. Nesta tecnologia, ainda não há uma padronização dos sistemas das várias empresas envolvidas.

No entanto, há já alguns esforços neste sentido. Por exemplo, a Huawei anunciou uma solução de IoT que inclui o LiteOS, um sistema operativo concebido para dispositivos conectados, para ajudar a padronizar a infraestrutura de Tecnologias de Informação e Comunicação. Assim, será mais fácil para as organizações desenvolverem aplicações de IoT.

Grupos como o Hypercat Consortium e o Wireless IoT Forum estão também empenhados em estandardizar a Internet das Coisas.

Em particular, o Hypercat Consortium, que está focado no Reino Unido, pretende criar um sistema que seja simples de adotar e garanta que os vários players da indústria falem uma língua comum, de acordo com o The Inquirer.

“ O Reino Unido tem uma oportunidade agora, através do Hypercat, para ser centrar na revolução da IoT, colocando-se ao lado dos gigantes americanos e inspirando a indústria britânica para criar 100 mil milhões de libras em valor até 2020”, disse o consórcio em declarações ao site.

Por sua vez, o Forum Wireless IoT quer o mundo inteiro. Este grupo tem trabalho no sentido de expandir a adoção de redes sem fios para grandes áreas a nível global.

E estas duas entidades não estão sozinhas. Contudo, o problema não passa pela falta de propostas de padronização, mas sim pelo facto de cada grupo querer impor a sua própria norma.

Para que a IoT possa crescer, é necessário que haja uma verdadeira colaboração à escala mundial. Até lá, resta-nos sonhar com um escritório altamente conectado.