Opinião | Blockchain… uma ferramenta promissora para melhorar a optimização, controlo e transparência de processos

Com certeza que já ouviu falar de Bitcoin, mas conhecerá a sua base – o Blockchain? O Blockchain é um processo com bases matemáticas para permitir criar um registo “de qualquer coisa digital” mantendo-o numa sequência ou histórico de forma inviolável – garantindo assim todo o histórico da sequência de informação. O Blockchain pode ser público ou privado, permite o envio de informação e seu controlo de uma forma “colaborativa”/distribuída (elimina necessidade de uma entidade que garanta a confiança da informação). Num relatório do World Economic Forum de Setembro/2015, este prevê que por 2025 10% do PIB esteja armazenado em tecnologia relacionada com Blockchain, e que antes disso haja governos a cobrar impostos usando a tecnologia.

Possíveis utilizações são por exemplo na Saúde, onde a informação médica que vai evoluindo ao longo do tempo tem um passado imutável, ou na Banca – redução de fraude, diminuição de custos em processos de KYC, redução de intermediários em pagamentos, plataformas de trading (com o NASDAQ e Australian Securities Exchange já a explorarem soluções).

Outra área ainda em exploração é a dos smart contracts. Como o Blockchain pode armazenar qualquer informação digital, incluindo código de programas, é possível automatizar processos que usam a tecnologia para garantir que quando determinadas condições são criadas, algo acontece – entrega de um produto implicar pagamento de uma factura, pagamento de uma renda a entrega de um código de acesso, etc.

Segundo um relatório da McKinsey* são já alguns players do mercado como a DHL, o Citibank, a Western Union e o Bank of America que tiraram proveito dos benefícios desta tecnologia, para redução de custos operacionais e taxas, aumento da transparência, rapidez e segurança, com claros impactos nos seus custos, receitas e capital. Graças a esta tecnologia, aliás, identificam o potencial de optimizar biliões de euros na indústria seguradora através da optimização de processos – algo que nesta indústria, em competição feroz, cada seguradora precisa para aumentar a competitividade. E já temos plataformas de Blockchain-as-a-Service, a permitir uma aderência rápida à tecnologia.

Como em todas as tecnologias “da moda”, é essencial avaliar as suas vantagens e onde se aplica. Não há silver bullets, e há muitos casos onde Blockchain não faz sentido – como os temas de proteção de dados (com as normativas de GDPR) nos fazem entender, o manter informação imutável e disponível sem possibilidade de ser removida pode ser um impedimento para determinadas ideias. E o termo “smart contracts” é enganador, pois nem são espertos (ou são só tão espertos como um conjunto de regras codificadas) nem são contractos com abrangência legal (por agora, necessitando de “mixes” com o tradicional “contracto em papel”).

Guardar informação e provar que está imutável. Viabilizar transações confiáveis, sem a necessidade de instituições verificadoras. Eliminar intermediários. Corte de custos. Arquivo com registo completo, inviolável e atualizado. Transparência, velocidade e agilidade nas operações. E uma enorme capacidade de transformar os negócios e melhorar as suas infraestruturas. É isto que se antevê: um enorme potencial em vias de acontecer. Tudo se passa a uma velocidade vertiginosa, o mundo acelera e nós com ele, e rapidamente as provas de conceito dão o salto para a fase de produção. Por isso… pesquise, projete, teste e enfrente os novos desafios do mercado munido das últimas tecnologias!

 

*McKinsey&Company – Blockchain Technology in the Insurance Sector. Quarterly meeting of the Federal Advisory Committee on Insurance (FACI)

Mafalda Freire

Colaboradora da B!T, escreve sobre TI e faz ensaios. Esteve ligada à área de e-commerce durante vários anos e é fã de tecnologia, do Star Wars e de automóveis.

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