ENTREVISTA DA SEMANA | IFS: Conseguimos simplificar as TI

A escandinava IFS promete dar que falar. A empresa global de aplicações empresariais está a apostar forte na Península Ibérica onde quer continuar a crescer acima do grupo. Gustavo Brito, diretor para esta geografia, acredita que há muito negócio para ser feito em no nosso país.

Há muito negócio para ser feito em Portugal. A IFS, empresa escandinava de aplicações empresariais, tem vindo a desbravar mundo. Sobretudo no abastado terreno das médias e grandes empresas. Aliás, a Gartner, em finais do ano passado, posicionou-a como líder no Quadrante Mágico, na classificação midmarket ERP, o que ajudou a “validar” uma marca que, apesar de tudo, ainda luta contra uma já mais do que estabelecida SAP.

Gustavo Brito, diretor para a Península Ibérica, admite que Portugal é um território interessante a explorar, até por um simples facto: as empresas portuguesas necessitam de um software robusto e a IFS considera ter um produto de excelência. “Queremos potenciar o negócio das empresas portuguesas”, disse em Madrid. “Temos uma receção muito boa quando mostramos o nosso produto”.

E apesar de reconhecer que a debilidade da empresa está no facto de, pelo menos em Portugal, a marca ter pouco valor, também admite que isso está a mudar. “Cada vez temos mais clientes e temos feito muitas ações para dar visibilidade ao produto e à marca”.

Entre essas ações estão eventos para além, por exemplo, do patrocínio de uma equipa da Fórmula 1, uma ação que apesar de global acaba por também ajudar a potenciar a marca no território ibérico.

Mas porque gostam as empresas do produto da IFS? Gustavo Brito diz que uma característica que contribui para esse sentimento é o facto dos escandinavos terem um único produto que cobre uma grande quantidade de áreas funcionais, desde projetos, fabrico, gestão documental ou mobilidade.

“Uma única arquitetura, uma única tecnologia. O que, na hora de implementar o produto, acaba por tornar o processo mais rápido, mais descomplicado e o TCO muito mais fácil de manter. Porque a realidade da maioria dos fabricantes é ter vários produtos, apesar de todos da mesma marca. E muitas vezes de arquiteturas diferentes porque vieram de origens distintas, fruto das aquisições a que o mercado nos foi habituando. E isso tem um custo de manutenção maior”.

Gustavo Brito explica que o cliente-tipo da empresa escandinava tem quatro ou cinco ferramentas distintas, que a IFS acaba por conseguir substituir por um único produto. “Conseguimos simplificar as TI. Conseguimos substituir várias ferramentas e assim o cliente apenas lida com um fornecedor, não com vários. E mesmo em termos de investimento de TI, a complexidade acaba por ser muito menor porque é apenas uma a tecnologia dentro de portas”.

A empresa está fortemente implantada na área da industria, serviços, engenharia e construção. Sobretudo, explicou-nos Gustavo Brito, em empresas baseadas em projetos. A defesa é outra área sonde a IFS marca pontos, em mercados como o inglês, sueco ou norte-americano.

Investimento nas TI já retomou

Em 2015, a retoma do investimento foi muito clara, diz Gustavo Brito. “As empresas, apesar do período económico menos favorável, continuaram a crescer. E, muitas delas, cresceram para fora das suas fronteiras. Passaram a explorar mais o mercado externo. E compraram empresas e montaram novas filiais. Chegou uma altura em que não conseguiam gerir toda a informação e começaram a procurar um novo software. Foi aí que entendemos que o mercado estava à procura de uma ferramenta como a IFS: global e disponível em vários idiomas”.

Aliás, particularizando no mercado ibérico, Gustavo Brito diz mesmo que o facto da marca não ser amplamente conhecida não foi qualquer entrave. “Até acabou por ser vantajoso. Porque começamos a investir em marketing, acabamos por ganhar mais visibilidade e como as empresa procuravam uma alternativa ao que havia, ganhamos projeção. A nossa visão acaba por ser muito positiva até porque temos muito por onde crescer”.

O responsável diz que obviamente outros concorrentes mais estabelecidos vão ter mais dificuldade em crescer. “Uns já estão muito explorados e outros simplesmente não conseguiram atualizar-se em termos tecnológicos”.

Já a IFS, garante Gustavo Brito, até pelo facto de ser sueca, aposta muito na inovação.

Quanto aos resultados gerados o ano passado, o executivo diz que a Península Ibérica não só está alinhada pelas restantes casas europeias como tem mesmo ultrapassado os objetivos a que se propõe. “Portugal tem registado um crescimento exponencial. Acima das percentagens do grupo. Só não vamos mais longe porque insistimos que o nosso crescimento seja sustentado. Um cliente, quando compra um ERP, quer confiança. Quer tranquilidade. E nós temos de transmitir isso. Que sentido faria vender demais e depois não ter a devida capacidade para implementar? Não é o nosso objetivo. Queremos ter parceiros, mas sempre de forma controlada.”

Para já, Portugal conta apenas com um parceiro, a Stepahead, com sede em Lisboa, mas com presença nacional, apesar de depois obviamente haver parceira globais, como é o caso da Accenture ou da Neoris, acrescentada à lista no passado mês de maio.

“Estamos a investir forte em Portugal e temos novos clientes, que ainda não posso divulgar os nomes, que vão dar ainda mais visibilidade à marca. Há muito negócio para ser feito em território português”.

IFS fecha 2015 com faturação nos 357 milhões de euros 

A IFS manteve um crescimento sustentado em 2015 face ao ano transato, de 5%. Para este valor, diz a empresa que contribuiu o forte aumento na venda de licenças, de cerca de 27% no quarto trimestre, e 14% em todo o ano, que demonstra a forte adoção das suas soluções tecnológicas. Este crescimento foi possível apesar das quebras em alguns dos sectores nos quais a empresa é especialista, fruto do recuo no valor do petróleo, e demonstra a resiliência e agilidade da IFS, que conseguiu ganhar diversos novos clientes no último trimestre de 2015.

Os 160 milhões de euros correspondem aos serviços de consultoria e supõem um aumento de 2% face a igual período de 2014. No que às aplicações de gestão empresarial da IFS (ERP) diz respeito verificou-se um crescimento de 7% em 2015, aproximadamente. A procura na América do Norte, Europa Ocidental e na região da Ásia e Pacífico (excluindo a China) permanece estável e as empresas de análise do sector, como a Gartner, preveem que esta tendência de crescimento global se mantenha em 2016.

Prosseguindo com a sua estratégia de aquisições, em julho de 2015, a IFS concretizou a aquisição da VisionWaves. Já este ano, a empresa anunciou a compra da MainIoT, empresa de soluções de Gestão de Ativos Empresariais (EAM), Gestão de Serviços Empresariais (ESM) e soluções de Gestão de Dados Mestres (MDM).