Gartner alerta para principais erros de projetos empresariais de blockchain

A consultora alerta que os executivos de TI devem estar atentos aos erros comuns que levam a problemas e falhas em projetos empresariais de blockchain. As empresas já começaram e experimentar a tecnologia em uma ampla gama de situações mas os analistas estimam que 90% dos projetos de blockchain empresariais lançados em 2015 irão falhar entre os 18 a 24 meses.

“A geração atual de plataformas com tecnologia tem limitações significativas em múltiplas áreas, que resultarão na falha em alcançar os objetivos estabelecidos na visão de longo prazo”, refere Ray Valdes, Vice-Presidente e Fellow do Gartner. 

“Muitas empresas ainda estão a seguir a tendência do blockchain e, para a maioria, a decepção será a próxima fase”, alerta o analista.

Eis os dez principais erros no uso de blockchain detetados pela Gartner nas suas pesquisas e relatórios:

1. Não entender ou ignorar o propósito da tecnologia blockchain – Para um projeto utilizar blockchain de forma efetiva, deve adicionar confiança a um ambiente não fiável e explorar um mecanismo de registos distribuídos. As empresas devem criar um modelo de confiança de um sistema completo para identificar áreas de confiança e de não confiança, aplicando o blockchain apenas nas partes não confiáveis.

2. Assumir que a tecnologia atual está pronta para uso em produção – Apesar de um mercado de mais de 50 diferentes plataformas com tecnologia blockchain, apenas o Bitcoin e a plataforma Ethereum estão testados “em escala”. Alguns integradores de sistema e diversas startups estão a vender a tecnologia como madura mas deve-se assumir que a maior parte das plataformas estarão imaturas nos próximos 24 meses e continuar com experiências e provas de conceito, especialmente em contexto open source.

3. Confundir a tecnologia blockchain do futuro com a geração atual – A plataforma com tecnologia blockchain atual é limitada e não atinge os requerimentos de uma plataforma de distribuição de escala global. Este é o plano de longo prazo para a tecnologia mas os CIOs devem assegurar-se de que a sua linha de tempo de uso de blockchain está em concordância com a evolução das capacidades funcionais dessa tecnologia.

4. Confundir um protocolo de nível fundamental limitado com uma solução de negócio completa – O termo blockchain é frequentemente utilizado em conjunto com soluções inovadoras em indústrias como gestão de supply chain ou sistemas de informação médica, mas o que está atualmente disponível no mercado nem sempre corresponde ao que é usualmente descrito. O blockchain ainda tem muito que evoluir até ser capaz de atender a todas as tecnologias potenciais. Quando considerarem um projeto de blockchain amplo e ambicioso, os CIOs devem analisar essa tecnologia em si como menos de 5% do esforço total de desenvolvimento do projeto.

5. Ver o blockchain meramente como um mecanismo de armazenamento ou base de dados – Alguns líderes de TI confundem “registos distribuídos” com um mecanismo de persistência de dados ou um sistema de gestão de base de dados distribuído. Atualmente, o blockchain implementa um registo sequencial, append-only de eventos significativos e oferece possibilidades limitadas de gestão de dados em troca de um serviço descentralizado para evitar confiar apenas em uma única organização central. Os CIOs devem estar atentos e ponderar as vantagens e desvantagens para garantirem que o blockchain é uma boa solução empresarial na sua forma atual.

6. Assumir interoperabilidade entre plataformas que ainda não existem – A maior parte das tecnologias blockchain ainda está em desenvolvimento e não tem planos específicos de tecnologia (ou negócios). Os padrões de blockchain ainda não existem e isso significa que, além de assumir interoperabilidade potencial no nível mais básico, os CIOs devem encarar a interoperabilidade com cepticismo. 

7. Assumir que as plataformas líderes atuais continuarão dominantes (ou mesmo existentes) – Com mais de 50 opções de plataformas com tecnologia blockchain e muitas mais no horizonte, os CIOs não devem assumir que a tecnologia selecionada para um projeto este ano oferecerá longevidade. Assim como com plataformas sociais, móveis e de e-commerce do passado, é possível que a tecnologia mais efetiva ainda nem tenha sido criada. 

8. Assumir que tecnologias de Smart Contract são um problema resolvido – Smart Contracts, protocolos de computador que vão facilitar e reforçar os contratos, são o que permitirá a economia programável. Apesar disso, a um nível técnico, estes ainda não possuem escalabilidade, auditoria, gestão e verificação. Além disso, não há um modo de trabalho legal e os CIOs têm de ser cuidadosos ao desenvolverem Smart Contracts com as ofertas atuais de blockchain e recorrerem a apoio legal.

9. Ignorar questões de financiamento e governança para uma rede distribuída peer-to-peer – A hipótese é que plataformas blockchain vão custar menos do que o sistema atual de múltiplos sistemas redundantes, processos e dados interoperando entre si. No entanto, o custo de tecnologias blockchain será significativo e conforme o sistema cresce em escala, também aumenta em valor. Os sistemas que envolvem múltiplas partes requerem novas abordagens para governança, segurança e economia que levantam questões técnicas, políticas e organizacionais.

10. Falha em incorporar um processo de aprendizagem – Empresas devem tratar os projetos de blockchain com uma abordagem prática. O momento atual é fundamental para estabelecer conceitos através de testes e aprendizagem. As lições aprendidas das experiências com plataformas, novos modelos de negócios, processos e produtos serão úteis para a futura implementação como parte de uma transformação digital de larga escala. Os CIOs devem assegurar que o conhecimento é desenvolvido e distribuído pela empresa e reconhecer que conhecimento pode ser o único valor gerado por um projeto blockchain de 2016 e 2017.