Google I/O|Novidades resultam de tecnologia necessária para o dia-a-dia

Sundar Pichai, CEO da Google, apresentou ontem, 17 de maio, a keynote da empresa com as novidades mais recentes. A intervenção decorreu durante a conferência anual para programadores, Google I/O 2017, no Shoreline Amphitheatre, na Califórnia. O evento termina amanhã, dia 19.

“Estou na Google há 13 anos, e é notável como a missão da companhia de tornar a informação universalmente acessível e útil é tão relevante hoje como há uns anos atrás”, começa por dizer Sundar Pichai. Antes da apresentação do responsável pouco se sabia sobre as novidades, no entanto, na lista estava, pelo menos, uma nova versão do Android. Sundar Pichai, elaborou um discurso focado na tecnologia e no que dela é retirado todos os dias, enquanto necessidade básica, e que tem, por sua vez, ajudado a melhorar a própria tecnologia.

“Os problemas mais complexos tendem a ser, geralmente, aqueles que afetam o dia a dia das pessoas e é entusiasmante perceber como muitas pessoas tornaram a Google numa parte dos seus dias – ultrapassámos a barreira de dois mil milhões de utilizadores ativos de equipamentos Android; o YouTube não tem apenas mil milhões de utilizadores mas também tem mil milhões de horas de visualização diariamente; e o Google Maps ajuda os seus utilizadores a navegarem mil milhões de quilómetros diários. Todo este crescimento seria impensável sem a mudança da computação para o mobile, o que nos fez repensar todos os nossos produtos – reinventá-los para refletirem os novos modelos de interação como os ecrãs multi-toque”, explicou.

Uma mudança na computação, que inclui a “passagem do mobile-first para um mundo IA-first“, está, como antes, a “obrigar-nos a reimaginar os nossos produtos para um mundo que permite uma forma mais natural e integrada de interagir com a tecnologia”.  Recorrendo ao exemplo da Pesquisa Google, que foi desenvolvida com base na capacidade de perceber texto nas páginas da Internet, os avanços no deep learning (aprendizagem profunda) permitem agora tornar imagens, fotos e vídeos úteis de uma forma inédita.  A câmara do smartphone pode “ver”, “pode falar com o seu telefone e obter respostas – a voz e a visão estão a tornar-se tão importantes para a computação como o teclado ou os ecrãs multi-toque”.

“O Google Lens é um conjunto de recursos de computação baseados na visão que consegue perceber para onde o utilizador está a olhar e ajudá-lo a agir com base nessa informação. Por exemplo, se estiver debaixo da secretária de um amigo para ver a palavra passe longa e complicada do Wi-Fi que se encontra na parte de trás do rooter, o seu telefone consegue agora reconhecer a palavra passe, perceber que o utilizador está a tentar conetar-se à rede Wi-Fi e ligar-se automaticamente a ela. O ponto chave é que o utilizador não precisa de aprender nada de novo para que isto resulte – o interface e a experiência pode ser muito mais intuitiva, do que, por exemplo, fazer o copy paste entre as aplicações no seu smartphone”, acrescentou o responsável.

Também o Google Assistant é um exemplo poderoso destes avanços, estando disponível em mais de 100 milhões de equipamentos, sendo cada vez mais útil. Hoje em dia, já é possível fazer a distinção entre as diferentes vozes no Google Home, o que dá às pessoas uma experiência mais personalizada ao interagirem com o equipamento.

Na conferência do ano anterior, a empresa apresentou a primeira geração de TPUs, inovação que permite correr os algoritmos de Machine Learning da Google de forma mais rápida e eficiente. Ontem, a companhia anunciou a nova geração de TPUs – Cloud TPUs –  optimizados para inferência e formação e capazes de processar muita informação. De forma a beneficiar os programadores e as empresas, os Cloud TPUs vão ser disponibilizados para o Google Compute Engine. A empresa considera importante que todos os avanços traduzam um melhor trabalho para todos, não apenas para os utilizadores de produtos Google. Também os problemas sociais complexos poderão reconhecer avanços se “os cientistas e engenheiros tiverem ferramentas de computação mais poderosas e capacidade de análise na ponta dos seus dedos”.

Estes avanços têm encontrado muitos obstáculos, mas também motivação superior na Google.ai que reúne todas as “iniciativas de IA num único esforço que possa diminuir essas barreiras e acelerar a forma como os investigadores, programadores e companhias trabalham neste campo”. Capaz de tornar a AI mais acessível é a simplificação da criação dos modelos de Machine Learning chamados de redes neurais, trabalho muito intensivo em relação ao tempo e de conhecimento restrito a um pequeno grupo de cientistas e engenheiros. “É por isso que desenvolvemos uma abordagem chamada de AutoML , mostrando que é possível que redes neurais possam criar redes neurais. Esperamos que a AutoML tenha a capacidade que poucos PHDs têm nos dias de hoje e que torne possível que, daqui a três a cinco anos, centenas de milhares de programadores possam desenvolver novas redes neurais de acordo com as suas próprias necessidades”, elucidou Sundar Pichai.

A Google.ia tem tentado juntar investigadores da empresa com cientistas e programadores de forma a resolverem problemas de várias disciplinas e com resultados que prometem. O Machine Learning é utilizado para melhorar o algoritmo que deteta a propagação do cancro da mama para os gânglios linfáticos adjacentes, e tem avançado também em termos de tempo e precisão, com os quais os investigadores podem adivinhar as propriedades das moléculas e até sequenciar o genoma humano. Tudo isto não se resume ao facto de construir equipamentos futuristas ou de conduzir investigações inovadoras, há milhões de pessoas que podem ser ajudadas com a democratização do acesso a este tipo de informação e à descoberta de novas oportunidades. Google for Jobs, que consiste em ligar as empresas com vagas a potenciais trabalhadores, ajudando a encontrar novas oportunidades de emprego, é também novidade nesta conferência.

“É inspirador ver como a Inteligência Artificial está a começar a dar frutos e que as pessoas estão a usufruir disso mesmo. Ainda existe um longo caminho a percorrer antes de vivermos num mundo AI-first, mas quanto mais trabalharmos na democratização do acesso à tecnologia – quer em termos das ferramentas que as pessoas podem utilizar quer pela forma que as aplicamos – mais rapidamente todos irão beneficiar”,concluiu o CEO da Google.