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Incentivos desalinhados nas empresas abrem porta ao cibercrime

O estudo “Tilting the Playing Field: How Misaligned Incentives Work Against Cybersecurity,” (“Desequilibrando o campo de atuação: como os incentivos desalinhados atuam contra a segurança cibernética”) revela três categorias de incentivos desalinhados. São eles: estruturas corporativas versus o livre fluxo de empresas criminosas; estratégia versus implementação; e executivos seniores versus profissionais em funções de implementação. O relatório destaca maneiras de como as organizações podem aprender com os cibercriminosos  visando corrigir esses desalinhamentos.

Com base em entrevistas e uma pesquisa global com 800 profissionais de cibersegurança de cinco setores industriais, o relatório descreve como os criminosos estão em vantagem, graças a incentivos para o cibercrime que geram um grande negócio em um mercado flexível e dinâmico. Os defensores, por outro lado, frequentemente atuam em hierarquias burocráticas, o que os pressiona intensamente para acompanhar a procura.

“O mercado de cibercriminosos está preparado para o sucesso por conta de sua própria estrutura, a qual rapidamente recompensa a inovação e promove a partilha das melhores ferramentas”, disse Candace Worley, vice-presidente de Enterprise Solutions da Intel Security. “Para que os profissionais cibernéticos e de TI no governo e nas empresas possam competir com os atacantes, eles precisam ser tão perspicazes e ágeis quanto os criminosos que pretendem capturar, e ainda oferecer incentivos que valorizem a equipa de TI”, avisou.

Desalinhamentos adicionais ocorrem dentro das organizações dos defensores. Por exemplo, enquanto mais de 90% das organizações relatam possuir uma estratégia de cibersegurança, menos da metade as implementou integralmente. Além disso, 83% disseram que as suas organizações foram afetadas por violações da segurança, indicando uma desconexão entre estratégia e implementação.

E, embora os cibercriminosos tenham um incentivo direto para a sua atuação, a pesquisa não apenas mostra que existem poucos incentivos para os profissionais de segurança, mas também, que os executivos estavam muito mais confiantes do que a equipa operacional no que diz respeito à eficácia dos incentivos existentes. Por exemplo, 42% dos implementadores de cibersegurança relataram que não existem incentivos, em comparação com apenas 18% dos tomadores de decisão e 8% dos líderes.

“É fácil elaborar uma estratégia, mas a execução é difícil”, diz Denise Zheng, diretora e membro sénior do programa de política tecnológica no CSIS. “Como os governos e as empresas abordam e tratam os seus incentivos desalinhados irá ditar a eficácia dos seus programas de segurança cibernética. Não é uma questão de o ‘quê’ precisa ser feito mas sim, determinar o ‘porquê’ não está sendo feito e ‘como’ fazer isto melhor.”

Outras conclusões do relatório incluem o seguinte:

  • Não-executivos têm três vezes mais probabilidade em comparação aos executivos de observar os déficits de recursos financeiros e humanos como causadores de problemas para a implementação da sua estratégia de segurança cibernética.
  • Apesar da falta dos incentivos para profissionais de segurança cibernética, 65% estão motivados pessoalmente a fortalecer as suas organizações.
  • 95% das organizações já sofreram os efeitos das violações de segurança cibernética, incluindo interrupção das operações, perda de PI, danos à reputação e à marca da empresa, entre outros efeitos. Contudo, apenas 32% relataram experiências de perda de lucros ou receita, o que pode levar a uma falsa sensação de segurança.
  • O setor governamental foi o menos susceptível a relatar dispor de uma estratégia de segurança cibernética totalmente implementada (38%). Esse setor também teve uma maior participação de agências com inadequados recursos financeiros (58%) e humanos (63%) em comparação com o setor privado (33% e 43%).

O relatório também sugere maneiras sobre como a comunidade de defesa pode aprender com as comunidades de atacantes:

  • Optar pelo security-as-a-service para combater o modelo de crime cibernético como um serviço do mercado criminoso.
  • Usar divulgação pública.
  • Aumentar a transparência.
  • Reduzir barreiras de entrada para o pool de talentos cibernéticos.
  • Alinhar os incentivos de desempenho desde a liderança sénior até os operadores.

A boa notícia, segundo os autores do relatório, é que a maioria das empresas reconhece a gravidade do problema da segurança cibernética está disposta a enfrentá-lo. As organizações necessitam mais do que ferramentas para combater os atacantes cibernéticos; a experimentação é necessária para determinar a combinação certa de métricas e incentivos para cada organização, na medida em que abordam a segurança cibernética como mais do que simplesmente uma estrutura consciente de custos e se tornam mais inovadoras em sua estrutura e processos organizacionais.

O relatório pode ser consultado aqui.

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

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