Internet: quem venceu e quem perdeu na última época de resultados

Nas últimas semanas, os resultados das empresas saíram uns atrás dos outros, agitando e desconcertando a bolsa a cada lucro surpreendente e a cada prejuízo arrebatador. Agora, é tempo de olhar para trás e perceber quem saiu vencedor e quem saiu derrotado neste último trimestre. E foi precisamente isso que a agência de notícias Bloomberg fez para o setor da Internet

“Como sair vencedor da época de resultados?” A Amazon e a Google deram esta lição aos pares, mostrando que o controlo de custos e a aposta no crescimento de longo-prazo são as estratégias necessárias para conquistar os investidores, escreve a Bloomberg.

Tanto uma como a outra terminou o segundo trimestre de 2015 com distinção. A Google soube agradar os acionistas com uma contenção nas despesas, que trouxe resultados bastante melhores do que os previstos. As ações saltaram 16,3 por cento, sob uma tempestade de aplausos dos investidores. A Amazon seguiu o mesmo caminho, apertando o cinto e mostrando que é capaz de apresentar lucros – neste caso de 92 milhões de dólares.

Paul Sweeney, analista na Bloomberg Intelligence, explicou o fenómeno: “quando uma empresa reduz os gastos e aumenta os lucros, como fizeram a Amazon e a Google este trimestre, os investidores ficam satisfeitos e levam o valor das ações mais além”.

Numa teleconferência, a CFO da Google, Ruth Porat, deu mais um empurrão às ações da companhia com promessas de moderação nas despesas: “temos muitas oportunidades, mas alcançar um crescimento nas receitas não é obviamente inconsistente com uma gestão dos gastos”.

A Amazon também formulou uma receita perfeita para presentear os investidores: expandiu o negócio em computação cloud, fez disparar as encomendas com as promoções do Prime Day e, do lado da despesa, os custos operacionais aumentaram menos do que as vendas.

Quem não conquistou os investidores

Houve um grupo de empresas que recebeu um olhar de desaprovação da bolsa.

Não é invulgar que as grandes companhias da Internet se foquem em aumentar o número de utilizadores e as receitas – mesmo que isso implique deixar derrapar os lucros. Parece ter sido o caso da maior rede social do mundo. Para o trimestre findo em 30 de junho, o Facebook aumentou as receitas em 39 por centro, uma tendência que o lucro e o valor das ações não seguiram.

Além disso, Zuckerberg não fez caso dos pedidos dos analistas e pouco revelou sobre algumas iniciativas da empresa, como o WhatsApp, o Messenger ou o Oculus. Apenas adiantou que a prioridade é expandir as comunidades de utilizadores do WhatsApp, Instagram e Messenger, de acordo com a Bloomberg. Mas ainda vai demorar até o retorno deste investimento ver a luz do dia.

A Microsoft foi outra gigante tecnológica que aborreceu os investidores. Segundo o Washington Post, a empresa de Redmond até conseguiu superar as expetativas em relação às vendas de serviços de cloud e hardware. Mas foi na hora de fazer contas que a Microsoft desiludiu com um prejuízo líquido de 3,2 mil milhões de euros, devido à aquisição da Nokia.

A bolsa não espera para reagir e no dia a seguir à divulgação dos resultados, as ações da companhia deslizavam 3,7 por cento, o maior declínio num único dia desde janeiro, diz a Bloomberg.

Quem mais? O Twitter. A rede social do pássaro azul também mostrou vendas surpreendentes entre abril e junho deste ano, para perder o entusiasmo dos analistas nos números relativos ao crescimento de utilizadores. Segundo a Bloomberg, o CEO, Jack Dorsey e o CFO, Anthony Noto, afirmaram que há muito trabalho a fazer e não esperam progressos significativos para breve.

Ainda há o LinkedIn, que apresentou uma prestação irrepreensível do lado das receitas, com um crescimento de 33 por cento face ao período homólogo, para os 650 milhões de euros. O problema terá sido o modo como a empresa conseguiu este feito – com a aquisição do site de educação Lynda.com, explicou à Bloomberg Dan Veru, CIO da Palisade Capital Management.

Para além disso, os investidores mostraram dúvidas em relação à verdadeira identidade da atividade central do LinkedIn. “E é por isso que as ações estão em baixo”, disse Dan Veru.