Microsoft: Inteligência Artificial está no centro da transformação digital

A Microsoft descreve como a “respeitável” e “confiável” infraestrutura de Inteligência Artificial (IA) e a cloud podem mudar cada empresa de forma responsável.

A Microsoft colocou a Inteligência Artificial (IA) no centro da sua visão de transformação digital e enfatizou ter planeado um futuro sustentável para o desenvolvimento da sua nova tecnologia e o uso da cloud.

“A Microsoft não está imune às ondas que moldam o nosso negócio”, disse Cindy Rose, CEO da Microsoft do Reino Unido, em Londres, no evento “Future Decoded”,

“Quer seja cloud ou IA, a Microsoft está a tentar não só abraçar, mas liderar estas ondas de mudança e tirar o máximo proveito dessas oportunidades”.

“É seguro dizer na Microsoft que aprendemos sobre nós mesmos. A nossa visão é que um negócio digital é um negócio que abraça a tecnologia para efetivamente envolver os clientes, capacitar os funcionários e transformar produtos e serviços de uma forma que transforma uma disrupção em oportunidade. Estamos na cúspide de uma quarta revolução industrial.”

E está claro como a Inteligência Artificial irá acelerar este processo. Chris Bishop, diretor no laboratório da Microsoft Research Cambridge, falou sobre os esforços das suas equipas em IA e como a aprendizagem automática (do inglês machine learning) estava a alimentar o advento da computação inteligente.

“[A nossa visão de] inteligência artificial é capacitar cada pessoa e organização no planeta para conseguir mais”, disse. “IA é uma tecnologia muito poderosa e amplamente aplicável. Ao longo dos anos e das próximas décadas, transformará todos os aspetos de nossas vidas”.

Muitas figuras de destaque da tecnologia e das comunidades científicas manifestaram preocupação com a ameaça que a Inteligência Artificial poderia representar para a raça humana, mas embora Bishop tenha reconhecido tais medos, não os tem.

Para Bishop, a IA deve “aumentar” a capacidade e as experiências humanas, ser confiável, inclusiva e respeitosa, sendo a missão da Microsoft democratizar a tecnologia.

“A abordagem da Microsoft não é substituir as pessoas por máquinas, mas sim capacitá-las para conseguirem mais”, disse.

Dois exemplos mostrados no palco do evento que decorreu em Londres foram um projeto de pesquisa chamado InnerEye, que está a usar IA para ajudar a tratar cancro, e SwiftKey, que usou IA para criar mensagens emoji preditivas.

Aprendizagem automática

O nosso objetivo não é substituir o médico“, disse Bishop. “As máquinas são complementares às capacidades das pessoas. E a IA é poderosa, precisa, quantitativa e rápida “.

“A aprendizagem automática foi fundamental para que o SwiftKey funcionasse”, acrescentou. “Emojis são uma linguagem nova e não seguem as mesmas regras [como linguagens verbais]”.

A aprendizagem automática é a componente crítica dessa visão, assim como a infraestrutura de nuvem que a suporta. Para fazer isso, a Microsoft requer algoritmos.

“A Microsoft está a transformar a infraestrutura para a Inteligência Artificial”, explicou Bishop. “A IA moderna não se baseia na ideia de fazer um computador ser inteligente, que foi tentado nos anos 60 e não funcionou muito bem, mas sim na aprendizagem automática das máquinas. O computador não está treinado para conhecer o problema, mas para aprender usando grandes quantidades de dados.”

A cloud IA

Para apoiar a aprendizagem automática, a Microsoft tem vindo a construir a sua rede de centros de dados – incluindo instalações no Reino Unido – e fornecer APIs e outras ferramentas para os desenvolvedores.

“Como sabem, estamos a desenvolver grandes centros de dados em todo o mundo, contendo CPUs e GPUs convencionais, mas recentemente estamos a aumentá-los com FPGAs: Field Programmable Gate Arrays“, continuou Bishop, explicando que cada vez que atualiza um servidor, adiciona um FPGA, que pode ser customizado após o fabrico.

A Microsoft também tem “o primeiro supercomputador de IA do mundo”, que está espalhado por 15 países e continua a expandir-se. Pode traduzir textos complexos (como toda a versão em inglês da Wikipedia) em questão de segundos.

As traduções em tempo real e reconhecimento de voz natural têm sido longas ambições da IA e a Microsoft está a fazer sérios progressos graças a este desenvolvimento de infraestrutura. A empresa norte-americana introduziu pela primeira vez esse recurso no Skype há dois anos e, no palco, neste evento, demonstrou tradução multilingue em tempo real nesta plataforma de comunicações.

“Aplicar redes neurais profundas ao reconhecimento de fala resultou em uma queda dramática na taxa de erro”, disse Bishop. “Se um ser humano faz um discurso e o transcreve, comete erros. Há algumas semanas chegamos ao ponto da mesma taxa de erros de palavras como tradutores humanos.”

Responsabilidade corporativa

A CEO Cindy Rose, que lidera o negócio da Microsoft no Reino Unido há pouco mais de dois meses, disse que seria necessário abordar o impacto da transformação digital no emprego, privacidade e meio ambiente, assim como a questão da inclusão.

“Somos uma empresa que reconhece que com cada oportunidade vem um desafio”, acrescentou Toni Townes-Whitley, vice-presidente corporativo de setor público da Microsoft.

“Em 2020, cinco milhões de empregos serão deslocados em todo o mundo [como resultado desta transformação]”.

Mas Townes-Whitney disse que as mulheres eram cinco vezes mais propensas a ser afetadas por causa do desequilíbrio entre os géneros em indústrias vulneráveis. O Fórum Económico Mundial prevê que 5,1 milhões de postos de trabalho estão em risco para a automação e a pesquisa da Deloitte sugere que 16% dos papéis do setor público desaparecer.

“Se não tivermos intenções sobre como podemos fazer a transformação digital, poderemos exacerbar a diferença que já existe”, acrescentou, explicando o plano de responsabilidade corporativa da empresa e, em última instância, concluindo que os benefícios superaram os negativos.

“A Microsoft tem uma nova narrativa com a nuvem como motor e os dados como combustível”, disse a CEO.

* com Steve McCaskill