Política portuguesa de inovação recebe nota mais baixa de sempre

Os 24 membros do Painel de Opinião do Barómetro de Inovação da COTEC atribuem, em média, 3,6 valores aos resultados da política da inovação do país, numa escala de 1 a 7 – esta é a nota mais baixa de sempre desde 2010, altura em que a COTEC iniciou este projeto com o objetivo de auscultar o sector empresarial sobre o estado na inovação. Esta foi uma das conclusões apresentadas hoje no Portugal Inovação |Painel de Opinião do Barómetro de Inovação da COTEC, no Auditório EDP Way, em Lisboa.

Global ideas and innovation concept

Gonçalo Quadros, Co-fundador e Chairman da Critical Software, e António Vidigal, Presidente da EDP Inovação, dois dos empresários que integram este Painel de Opinião e que estiveram presentes na sessão, consideram que Portugal deve ter como horizonte o modelo dos países escandinavos, onde prevalece a ética nos negócios e a educação desempenha um papel fundamental na construção do país.

“Em 2033 gostaria de ter um País à imagem de um país escandinavo com ética rigorosa e em que a corrupção é mínima. À imagem da Finlândia, Portugal, embora tenha pequena dimensão, poderá ter um forte impacto ao nível da inovação, o que será conseguido à custa de um sistema de educação mais informal e eficiente como é o caso na Finlândia. A sociedade civil terá progressivamente um papel mais relevante no País”, refere António Vidigal. “No roadmap desta ação estão a melhoria do nosso sistema de justiça, a melhoria progressiva do sistema de educação e uma grande ligação entre a Universidade e a Indústria, criadas inicialmente em torno de projetos nacionais prioritários que possibilitem a criação de alguns clusters marcados pela excelência. Em 2030, 100% da energia utilizada em Portugal será renovável e Portugal exportará para a Europa excedentes de energia renovável, uma parte dela eólica offshore de águas profundas. Em 2030, a ‘Google da energia’ será portuguesa e venderá tecnologia em todo o Mundo”, destaca.

Por sua vez, Gonçalo Quadros sublinha: “Gostaria que conseguíssemos alcançar o que é o modelo nórdico hoje. A aposta decisiva para o conseguir é a aposta na educação. Uma escola inclusiva, pública, que tem de se constituir como um desígnio nacional. Uma escola que qualifique, que construa valores e contribua para uma cultura que promova o coletivo, em oposição ao que vulgarmente designamos de ‘chico-espertismo’.”

Em matéria de desenvolvimentos positivos no estado da inovação no País, vários membros do Painel de 24 concordam num número de matérias: as oportunidades oferecidas pelo novo QREN (Portugal 2020), com aumento considerável dos apoios às PME; as oportunidades proporcionadas pelo novo programa de apoio à I&D da União Europeia (Horizonte 2020); a manutenção no Orçamento de Estado para 2014 do sistema de incentivos fiscais à inovação (SIFIDE), com expectativa de uma vigência temporal mais alargada; e a medida adotada pelo Governo de um crédito fiscal extraordinário para investimento.

Nas suas respostas quanto aos constrangimentos às políticas de inovação em Portugal no passado mais recente, os membros do Painel concentram-se no tema do financiamento e das reduções que este tem vindo a observar, em prejuízo de todo o sistema de inovação, em geral, e, em particular, do número de bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento atribuídas pelo Estado.

À necessidade de criação de um grupo de reflexão que crie um plano de ação a longo prazo para a inovação em Portugal, sugerido por José Manuel dos Santos, Daniel Bessa, Diretor-Geral da COTEC Portugal, declara: “O CNEI – Conselho Nacional para o Empreendedorismo e a Inovação, órgão onsultivo do Governo para estas matérias, funcionando na dependência do Ministro da Economia, presidido pelo Primeiro-Ministro de Portugal e integrando 23 conceituados especialistas (cinco dos quais integram também o Painel de Líderes do Barómetro de Inovação COTEC), poderia constituir a sede adequada para promover a realização deste trabalho – pormo-nos de acordo num roadmap para a política de inovação em Portugal.”