Privacidade: 75% dos utilizadores não confiam nas redes sociais

Um novo estudo da F5 Networks, empresa que em Portugal é representada pela Exclusive Networks, mostra um conflito evidente entre a proteção da privacidade e a vontade de partilha nos utilizadores da EMEA.

O estudo foi conduzido pela Opinium Research e questionou mais de sete mil consumidores em toda a região sobre os comportamentos que adotam relativamente à segurança e à gestão de dados. Uma das principais conclusões é que 75% dos consumidores não têm confiança nas marcas de redes sociais, nem confiam na forma como marcas de marketing protegem os seus dados.

Apenas 21% dos inquiridos dizem confiar na capacidade de estas empresas protegerem a sua informação conta ataques de piratas. Isto contrasta com um comportamento aparentemente contraditório: apesar da desconfiança, cada vez mais consumidores partilham informações nas redes sociais.

“O inquérito mostra que para alguns estes medos são ignorados se implicarem a utilização gratuita de serviços de uma empresa”, lê-se no relatório do estudo. Mais da metade dos inquiridos estavam dispostos a partilhar a sua data de nascimento (53%), estado civil (51%) e os seus interesses pessoais (50%).  Apenas 18% disseram não abdicar da privacidade dos seus dados, valor que sobe para os 33% no Reino Unido – os consumidores britânicos foram consistentemente os que se mostraram menos dispostos a abdicar dos seus dados em toda a região. 

Os bancos são considerados as empresas mais fiáveis, segundo 76% dos inquiridos, e mais competentes para protegerem os seus dados (73%). Ainda assim, os consumidores dizem que bancos (77%), empresas de cuidados de saúde (71%) e sector público governamental (74%) devem reforçar as suas capacidades de autenticação para garantirem um maior nível de segurança. 

“Existem diferenças claras relativamente ao tipo de empresas nas quais os consumidores confiam os seus dados”, comenta Mike Convertino, vice presidente da área de Segurança da Informação na F5 Networks. “As empresas tradicionalmente focadas na segurança, como os bancos, são consideradas as mais fiáveis”, refere, o que não impede as pessoas de partilharem mais informação pessoal nas redes sociais “apesar de considerarem que estas são as menos competentes para garantirem a segurança dos seus dados.”

O responsável sublinha que, independentemente da indústria, todas as empresas que respondem aos consumidores “necessitam garantir um nível de proteção alinhado com as crescentes expectativas dos consumidores.” 

O EU General Data Protection Regulation (GDPR), recentemente aprovado pelo Parlamento Europeu, confere aos cidadãos o direito de se queixarem e de se serem compensados se os seus dados forem mal utilizados na UE. Quando questionados sobre o que consideravam ser uma má utilização dos seus dados, 67% referiram “a partilha de dados sem terceiros sem o seu consentimento.”

Ainda no seguimento do debate entre a Apple e o FBI que envolveu o desbloqueio de um iPhone 5c, 43% dos consumidores concordam que as tecnológicas devem privilegiar a segurança nacional em detrimento da privacidade dos consumidores e dar às agências governamentais acesso a dispositivos bloqueados. Os números foram mais elevados no Reino Unido (50%) e inferiores na Alemanha (38%).