Tom Rosamilia: IBM está “a tentar ser alternativa” à Intel

*em Las Vegas

Foi o que disse o vice-presidente sénior de IBM Systems, Tom Rosamilia, em entrevista durante o IBM Edge, que termina hoje em Las Vegas. A gigante revelou recentemente o seu Power9, que vai competir com o x86 da Intel, e focou o evento na aposta em ambientes de nuvem híbrida, computação cognitiva e blockchain.

Qual o espaço que a IBM poderá ter nos processadores para data center?

A Intel tem 98% de quota de mercado, isso é muito forte. Todos devemos temer esse obstáculo à inovação que ocorre quando existe um domínio tão grande. Estamos a tentar ser a alternativa. Precisamos crescer. O que queremos fazer, diferente da Intel, é não apenas colocar servidores em cima de Power8, mas também licenciar essa tecnologia para que outros possam usá-la. É um modelo aberto, como faz a ARM.

Quais as perspectivas de negócio para o IBM Systems em 2016?

A nossa Softlayer e nuvem pública podem ser muito melhores que o que se pode comprar na Amazon ou Azure. A Google vai investir mais a sério nisto também. Somos o número três, e estamos a ver a Oracle prometer que serão proeminentes na infraestrutura como serviço. Queremos ser muito difundidos. Mas não queremos ser mais Amazon que a Amazon, não será apenas uma questão de oferecer capacidades comoditizadas. É uma questão de entregar valor diferenciado. Ter computação cognitiva disponível na nuvem e em todo o lado.

Neste evento falou de blockchain como um negócio de futuro. Como estão a abordar isso?

Em dezembro, fizemos parte do início do projeto Hyperledger, que é o projeto open source de mais rápido crescimento que alguma vez vimos. Mas não é só connosco. Rapidamente cresceu para centenas de contribuidores. Pensem no Hyperledger como o middleware para providenciar soluções blockchain. Começamos uma prova de conceito há dois meses, na nossa nuvem pública e LinuxOne na nuvem, correndo em mainframe. Temos 30 clientes prova de conceito correndo blockchain em LinuxOne. E mais em Softlayer.

Em que direção irá evoluir?

Não sei se é fácil dizer “é assim que vai acontecer”, porque é uma mudança enorme. Como isso irá passar de um projeto de pesquisa para um produto está por definir. Está disponível na nuvem, pode ser consumido como serviço. Ficará disponível on premise? Provavelmente, mas não falámos disso ainda. A melhor oportunidade para nós está em torno do engajamento com clientes. Não é só a tecnologia, mas como vamos explorá-la.

Pode dar um exemplo de utilização?

A Everledger é um bom exemplo. Está relacionado acom diamantes: as pessoas que compram diamantes querem saber a sua origem e onde esteve. Eles querem saber que não veio de um conflito.  Só tem uma forma de saber que esse diamante não veio de uma mina de escravos: é conhecer a cadeia de fornecimento. Se eu puder ter uma prova de origem e percurso, inalterável – ninguém pode dizer, vamos mudar isto  – porque o risco de fraude existe e tem um benefício tremendo, mas o blockchain muda tudo. Cada transação fica registada num bloco e todo mundo vê exatamente o que está a acontecer. Ninguém pode mudar isso.

Terão diferentes modelos para diversas indústrias? 

Os fluxos de dinheiro são parte fundamental da cadeia de fornecimento, então tudo o que envolve acordos distribuídos é um bom exemplo de uso de blockchain. Tudo que tenha de ser verificado. Dinheiro ou algo de valor que muda de mãos. Automatizamos tantas coisas online, mas os processos de autenticação e de prova de que você é quem diz ser, não descobrimos como fazer.

Como encaram as oportunidades em startups e hubs de inovação? 

Trabalhamos com muitos fundos de investimento para identificarmos oportunidades de compra em empresas nascentes. Fazemos tours.

Muito disso começa com programadores, a comunidade é essencial para qualquer ecossistema. O que estamos a fazer com o BlueMix como ambiente de desenvolvimento é absolutamente um apelo às startups, dizendo “por favor, usem a nossa tecnologia para começarem. Poderemos crescer juntos.” Fizemos mudanças significativas na organização e nos objetivos de atração da comunidade de programadores. Queremos chegar aos corações e mentes dos programadores.

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

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