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5 transformações em TI que impactarão o dia a dia nas instituições financeiras

Esse investimento revela tendências novas a cada ano, desde o início da massificação da internet, quando as pessoas passaram a contratar seguros apenas depois de realizar uma cotação online, pedir o cartão de crédito de uma aplicação e até utilizar carteiras virtuais, onde toda a tecnologia de adquirentes, gateways e operadores de cartões é embarcada num smartphone, capaz de liberar o pagamento num bar, por exemplo, apenas com a autorização do polegar do utilizador e em questão de segundos.

Como CTO da Icaro Tech – companhia que desenvolve soluções especializadas em tornar as operações mais inteligentes em diversas indústrias, inclusive a financeira – tenho participado nos principais eventos do setor e acompanhado de perto como a tecnologia da informação tem vindo a revolucionando esse mercado.

Nos próximos parágrafos, apresento algumas tendências que chegaram para ficar e que certamente estarão na pauta dos executivos na área financeira, nos próximos anos. Confira:

As Fintechs obrigarão os gigantes a transformarem-se

Importante observar um rumo já aceite e entendido pela indústria financeira: na seara dos bancos tradicionais, as fintechs, uma realidade inquestionável, devem contribuir para uma redução cada vez maior das margens da indústria, apesar de o setor minimizar as consequências dessa mudança ao prever a manutenção do mercado, sem diminuição do volume de operações ou de clientes. 

Ao criar um banco sem agências, o Original, uma das referências entre as Fintechs, apoiou-se em alguns conceitos: customer centric, flexibilidade, agilidade, autonomia das áreas de produtos, eficiência operacional e escalabilidade. Recentemente, o CIO da organização, Wanderley Baccala, foi taxativo ao justificar a simplicidade cultural que o banco adota na sua operação: “Ser digital é ser humilde o suficiente para ouvir o cliente e não é possível fazer isso sem pessoas engajadas na nossa estrutura”.

A computação cognitiva é uma realidade

Segundo a IBM, “a humanidade moveu-se dos sistemas tabulados para os sistemas programáveis, e destes para os sistemas cognitivos”. O mantra agora é permitir às máquinas interagir com os seres humanos em linguagem natural. Uma mudança de paradigma: a máquina se adapta ao homem, ao invés do homem ter de se ajustar à máquina. É o prenúncio do fim da era do: “preciso aprender a usar esse sistema”.

Casos operacionais conduzidos em forma de testes já começam a surgir. O Banco do Brasil, por exemplo, anunciou um novo assistente digital, forma humanizada de atender o cliente em sua interação via smartphone. O Bradesco indica que usou o IBM Watson, plataforma de computação cognitiva da gigante norte-americana, para desenvolver uma interface de atendimento aos funcionários de agências, permitindo ao colaborador fazer perguntas às maquinas em português corrente — assim como um ser humano faria a outro — para tirar dúvidas em operações rotineiras e sobre o atendimento aos clientes. Esse projeto atende 100 agências do banco e já apresenta bons resultados à organização.

Blockchain e Bitcoin para o próximo passo

Blockchain, o banco de dados descentralizado mantém dados fragmentados numa rede muito mais segura, comparado aos bancos de dados tradicionais. Justamente por conta da descentralização, a tecnologia é estruturada a partir de uma matemática complexa baseada em criptografia, de tal forma que, para o invasor não compensa o esforço de quebrá-la.

Essa distribuição de informações em sistemas diferentes dos tradicionais Oracle e MySQL, por exemplo, podem reorganizar a forma como gerirmos informações que valem dinheiro como os… bitcoins. Se antes o dinheiro era físico, em notas de papel ou moedas de metal, os internet bankings e as fintechs trataram de criar uma versão digital disto, resumida em números num extrato virtual. Os bitcoins são diferentes, porque eles virtualizam de vez os bens e o capital, que passam então a ser 100% em bits e não apenas uma versão virtual de algo físico. A sua criação mostra-se mais confiável, mais segura, mais barata, mais rápida de transacionar, ainda que a conversão no dinheiro, como conhecemos, para o bitcoin ainda esteja em estudo pela indústria.

A cultura digital não é mais assunto exclusivo do Netflix

Numa oportunidade recente, o banqueiro brasileiro Roberto Setúbal, do Itaú Unibanco, afirmou que a organização que comanda deseja “estar cada vez mais conectada”, entende que seu público quer “aceder aos seus dados quando e onde preferir”, anseia por cada vez “mais acesso a informação” e expressa de forma crescente e sólida “as suas próprias opiniões”.

De olho nisso, o banco desenvolve tecnologias que permitem o acesso direto ao cliente com um custo muito mais baixo e sem intermediários, e que a transformação cultural interna foi e é a chave para “entregar um banco digital”.

Chama bastante a atenção ver um banqueiro do porte de Roberto Setúbal, líder do segundo maior banco privado do País, discorrer sobre temas como Blockchain, cloud, APIs, big data, design thinking, agile com inesperada naturalidade. Sinal dos tempos. Tempos que serão marcados por menos agências e mais acessos por mobile devices (smartphones), de acordo com o próprio executivo.

Novos meios de pagamentos estão a caminho

O mercado brasileiro é pioneiro na adoção de algumas relevantes tecnologias associadas aos meios de pagamento, como cartões com chip e cartões múltiplos (crédito e débito ao mesmo tempo). Pagamentos eletrónicos são tão relevantes para nossa economia, que o Banco Central divulgou dados que indicam que mais de 50% do crédito para consumo advém de financiamento no cartão de crédito.

A cadeia de valor dos pagamentos eletrónicos está estabelecida e envolve diversos players, incluindo bandeiras, adquirentes e emissores, e existe grande discussão acerca da aplicação de novas tecnologias nesse mercado. Em especial, a evolução do IoT (Internet das Coisas) promete abrir novas formas, talvez até mais convenientes, para realizar pagamentos. Num horizonte projetado de até 50 mil milhões de devices conectados até 2020, pode-se imaginar a pagar um café com o seu relógio, fazer compras de alimentos a partir do seu frigorífico, pagar pela gasolina ou portagem com seu carro conectado. Usabilidade e conveniência são as palavras da moda.

Em resumo, não importa em qual parte da cadeia de serviços financeiros a empresa se posiciona: adquirente, segurador, gateway ou mesmo na infraestrutura de TI como cloud e servidores, se a empresa deseja estar conectada com os métodos e ferramentas utilizadas por esta indústria, ele fatalmente precisará de entender as mudanças listadas acima. Na minha perspectiva, estes são, definitivamente, os próximos passos para que as operações fiquem cada vez mais inteligentes e ajude na evolução de quaisquer áreas dessa enorme indústria.

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

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