Economia Digital e e-commerce: motores de crescimento

Realizou-se hoje o Fórum da Economia Digital 2014, organizado pela Associação da Economia Digital ACEPI, e que reuniu mais de cinco mil participantes no Centro de Congressos de Lisboa, onde foram discutidos os correntes temas da explosão digital e dos seus impactos nos negócios, o desenvolvimento da força do e-commerce e a emergência de um Novo Consumidor e de um novo paradigma empresarial, e as formas através das quais podem as organizações integrar sistemas de TIC que lhes permitam potenciar o seu crescimento numa altura em que cada vez mais se diluem as fronteiras entre o mundo real e a realidade digital.

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O Fórum da Economia Digital foi iniciado por Alexandre Nilo da Fonseca, Presidente da ACEPI, que, depois de desenhar, em termos gerais, o panorama da economia digital dos dias de hoje em Portugal, destacou a premência da internacionalização dos negócios, para uma maior notoriedade para lá das fronteiras portuguesas, para que, desta forma, a economia nacional da esfera digital possa ser potenciada pela atração de investimentos estrangeiros.

Apesar de estimar-se que em 2020 cerca de 50 por cento dos utilizadores da Internet serão também compradores online, Nilo da Fonseca disse que para que Portugal possa, com efeito, crescer como economia digital, são precisos investimentos firmes e contínuos nas áreas das Tecnologias de Informação e da Comunicação, e que já a partir de 2015 o valor médio de compras online ultrapassará os mil euros. O executivo avançou ainda que em 2020 registar-se-ão nove milhões de utilizadores portugueses da Internet (cerca de 84 por cento da população), e que, até ao fim de 2014, 70 por cento dos portugueses deverão já fazer parte da comunidade digital.

Quando Pedro Carneiro, Administrador da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, assumiu a palavra, apontou as TIC como um dos motores do desenvolvimento económico e social do país, acrescentando que os investimentos nas Tecnologias de Informação e Comunicação foram já responsáveis pelo aumento de quase metade da produtividade europeia.

Carneiro afirmou ainda que é crucial a aposta na formação de profissionais qualificados no segmento das TIC e em iniciativas de literacia e inclusão digital, visto que em Portugal um terço da população nunca recorreu à Internet. Não obstante, Portugal tem nas mãos as ferramentas necessárias para conquistar uma posição de grande relevo no âmbito digital, integrando, por exemplo, uma das maiores redes de fibra ótica 4G.

O Administrador da FCT reiterou a importância da internacionalização dos negócios. A maior parte das compras online em Portugal são efetuadas dentro do próprio país.

Joaquim Pedro Cardoso da Costa, Secretário de Estado para a Modernização Administrativa, disse que a integração de modernos sistemas de informação na Administração Pública tem atuado como elemento mitigador da complexidade do acesso das empresas a informações na posse da AP, para que, assim, possam tornar-se mais eficientes os processos de desenvolvimento de aplicações e serviços para os clientes.

A Segurança é um dos aspetos que gera grande parte dos receios face à adoção de plataformas e serviços digitais. Para Cardoso da Costa, a questão da segurança suscita nos consumidores hesitação face às TIC e aos demais sistemas informáticos, pelo que é preciso garantir a confidencialidade dos dados e informações dos utilizadores digitais e salvaguardar a sua integridade enquanto consumidores.

A Economia Digital é fonte de alimentação para uma multiplicidade de novas oportunidades, mas é também ela flagelada por fatores que obstaculizam o seu crescimento.

David Ferreira Alves, administrador da SONAE, advogou que as dificuldades financeiras do país impactam diretamente as empresas, visto que a transnacionalização dos negócios é um processo dispendioso, que só organizações de longas e sólidas raízes conseguirão suportar.

Por seu lado, Pedro Adão da Fonseca, Assessor do Secretário de Estado Ajunto da Economia, afirmou que as TIC são elementos reestruturadores dos negócios, pelo que potenciam o crescimento das organizações, e as empresas portuguesas são das que mais estão dispostas a abrir os seus braços a novas tecnologias.

Olivier Establet, responsável da Chornopost Portugal, evidenciou a emergência de um Novo Consumidor, com novos padrões de atuação, mais informado, mais exigente, mais proactivo. Contudo, reforçou que os consumidores são ainda ensombrados por uma panóplia de receios face ao digital, os quais as empresas têm de desvanecer, como a garantia da entrega do item encomendado após o pagamento e a possibilidade de devolução do mesmo produto, quando a loja está inserida na esfera da virtualidade.

Foi defendido por Luísa Gueifão, Presidente da DNS PT, que o facto de um website ter um domínio português (.pt) gera no consumidor um maior sentimento de confiança relativamente à plataforma do que um website sob um qualquer outro domínio.

Sónia Lapa de Passos, Diretora de Serviços de Comunicação ao Consumidor, da Direção Geral do Consumidor, avançou que o preço dos itens é também um fator de expressivo peso, o que leva o consumidor, muitas vezes, a optar pelo comércio eletrónico, não esquecendo que o e-commerce quebra inúmeras barreiras geográficas, e através deste podemos ter o acesso a uma variedade de bens que de outra forma nos seria impossível.