Empresas precisam de ver os dados como ativos do negócio e não como meros adereços

Martinez Aguilar, durante o evento Think with Google 2015, que aconteceu esta manhã em Lisboa, admitiu que a mudança digital é, na maioria das vezes, precipitada por ameaças concorrenciais, que levam as empresas a procurar formas de conservar, ou aumentar, a sua relevância e posicionamento no mercado onde atuam.

O responsável aponta a precária conjuntura económica como um dos fatores que levou as empresas portuguesas a ficarem para trás na corrida ao digital. No entanto, a comunidade empresarial nacional, em grande parte graças à força das startups, tem procurado compensar o atraso, e, em alguns setores, já atingiu níveis muito fortes de transformação. O diretor regional referiu que o turismo português tem evoluído bastante no respeitante à adoção da tecnologia e, designadamente, do digital como ferramentas que catalisam a expansão do alcance do negócio.

José Theotónio, diretor do grupo Pestana, que também marcou presença no evento, subscreveu as palavras do country manager da Google Portugal, declarando que “não há dúvida que a tecnologia invadiu o setor [do Turismo]”. Theotónio explicou que, há cerca de 5 ou 6 anos, o setor do turismo fez fortes investimentos em infraestruturas de fibra ótica para prestar serviços digitais. No entanto, o empresário afirmou que “hoje, esse investimento vale zero!”, dizendo que os clientes querem utilizar, no hotel, os mesmos serviços digitais que utilizam nas suas casas, sem ter que pagar mais por eles.

No revés da moeda, Aguilar disse que a banca portuguesa, à semelhança do que acontece um pouco por todo o mundo, tem ainda de fazer investimentos significativos para que o seu negócio atinja o nível de transformação digital desejado.

No entanto, o executivo olha para o futuro com otimismo, afirmando que as melhorias económicas vão permitir que as empresas voltem a colocar o digital no topo das suas listas de prioridades. O digital “é necessário para o crescimento, é necessário, muitas vezes para a sobrevivência [das empresas] ”, sentenciou Aguilar.

Em Portugal, a Google quer ajudar as empresas, nomeadamente as startups, a adquirir escalabilidade, quer mostrar-lhes de que forma pode o digital permitir que elas cresçam para além das fronteiras do mercado doméstico e com escassos recursos, elemento característico deste género de empresas. O executivo considera que Portugal é um solo bastante fértil para a criação e desenvolvimento de starups e considera que a Google é um parceiro bastante relevante para ajudá-las a ganhar força, a alcançar maior notoriedade e a conquistar mercados além-fronteiras.

A quantidade de recursos humanos da Google alocados especialmente para o mercado português é incerta, visto que, como nos disse Aguilar, a empresa não fala de “números”.

Aguilar acredita que, a seguir à vontade e à capacidade de adaptação, o talento é o fator mais importante no processo de transformação digital de uma empresa. As empresas têm de investir em profissionais de qualidade, pois para caminhar rumo ao digital é preciso contratar pessoas com capacidades digitais.

A Transformação Digital e o Big Data

Dados, dados e mais dados. Este é o cenário atual de muitas empresas que hoje já apoiam parte do seu negócio, senão mesmo a sua totalidade, em tecnologias. Mas com tantos dados, o desafio é fazer a sua correta gestão e transformá-los em ativos do negócio, estimulando um crescimento devidamente fundamentado e que caminha no digital.

“O digital está a mudar tudo. E nós temos que mudar a forma com fazemos negócios”, disse Martinez Aguilar à plateia que se reuniu hoje no Pavilhão de Lisboa.

À parte de toda a tecnologia que ajuda os negócios a tornarem-se mais competitivos e a expandirem-se no teatro internacional, os dados digitais serão, por ventura, os ativos mais valiosos das empresas dos dias de hoje. No entanto, muitas delas acabam por afogar-se nos grandes volumes de dados, o chamado Big Data, que não conseguem operacionalizar e dos quais não conseguem extrair o respetivo valor.

José Ferreira, responsável pela área de TI do Boston Consulting Group (BCG) Portugal, afirmou, com base num estudo, que as empresas que lideram a implementação de estratégias de Big Data e Analytics conseguem operacionalizar os seus dados e gerar 12 por cento mais receitas do que as congéneres que não fazem uso do Big Data.

As Apostas da Google para o Futuro

Durante o evento, Bernardo Correia, responsável pela ligação entre a Google Reino Unido e a indústria do entretenimento, revelou os pilares que vão orientar o foco de investimentos da empresa nos próximos tempos:

Inteligência Artificial: com a compra da britânica DeepMind por cerca de 611 milhões de dólares, em janeiro de 2014, a Google reforçou as suas capacidades na área da IA. Correia disse que a Google está empenhada em criar inteligência que tome decisões on the go e em aprofundar o seu envolvimento e investigação na área.

Automação: o responsável disse que a robótica é uma das áreas tecnológicas que mais crescerá, com autómatos cada vez mais capazes de replicar as ações de animais e humanos.

Internet das Coisas: “Acreditamos que não há objeto no mundo que não possam vir a estar conectado”, disse Correia, referindo a aquisição da Nest pela Google, em 2014 por 3,2 mil milhões de dólares. O representante do colosso tecnológico sublinhou o compromisso da Google para com o desenvolvimento da Internet das Coisas.

A Corrida Espacial

A Google está também empenhada em levar a Internet aos cantos mais remotos do planeta, através de balões estratosféricos. No entanto, Bernardo Correia afirmou que a Google tem estado a braços com dificuldades para manter o balão numa posição estática.

O Facebook já o conseguiu. Esta semana, a rede social fechou um acordo de parceria com a operadora francesa de satélites Eutelsat. Como resultado, no segundo semestre de 2016 será lançado um satélite geostacionário sobre os países da África subsariana, a fim de providenciar acesso à Internet e a alguns outros serviços online em zonas onde as infraestruturas existentes – a existirem – não satisfazem as necessidades de conectividade.

Filipe Pimentel

Formado em Ciências da Comunicação, tem especial interesse pelas áreas das Letras, do Cinema, das Relações Internacionais e da Cibersegurança. É incondicionalmente apaixonado por Fantasia e Ficção Científica e adora perder-se em mistérios policiais.

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