Entrevista da Semana: “A Intel está a fechar-se, e nós estamos a abrir-nos”

*em Las Vegas

Que balanço você faz do Power8?

Quando começamos o desenho do Power8 há vários anos, vimos a tendência para o big data. Não sei se chamava big data na altura, mas vimos isso. Continuamos a trabalhar na performance core, caches, largura de banda da memória, abertura, e penso que conseguimos agora estar numa boa plataforma para big data e analítica. Já existem mais de 200 grandes clientes correndo SAP Hana em Power no último ano, uma das plataformas de crescimento mais rápido para SAP. O Power é uma grande plataforma para big data e o que estamos a antecipar no Power9 vai acelerar isso. Vemos o Power9 como uma grande plataforma para computação cognitiva.

Pode falar um pouco do negócio, que está a crescer? 

Sim, tivemos um excelente ano no Power no ano passado, com quatro trimestres consecutivos de crescimento. Foi a primeira vez em quatro anos que tivemos essa sucessão de subida. Isso validou a estratégia que implantei quando cheguei a este cargo há três anos, de não só continuar a servir o nosso negócio principal, mas também entrar nesses novos espaços de Linux em Power. Vimos crescimento em todos os mercados, mas continuamos com problemas na China, que tem seus próprios desafios no mercado. Tudo, desde América à Europa teve um forte crescimento no ano passado.

Este ano, o terceiro ano do ciclo do Power8, o nosso negócio principal tem tido alguns desafios. Se você pensar em Power, estamos a servir dois mercados: o do Unix proprietário, em que somos o fornecedor número um com 60% de quota, muito distante da Oracle e da HP UX. Ao mesmo tempo, temos Linux em Power, que é um mercado muito grande e em crescimento. Vale 18 mil milhões de dólares e cresce 6% a 7%. Então, este ano a gente está a dar-se bem no mercado Linux, mas óbvio que partimos de uma base pequena. O negócio principal, Unix proprietário, tem estado mais modesto, e parte disso é o fim do ciclo de atualização.

Como o roadmap do Power Systems encaixa no IBM i? 

Nós lançamos três releases do IBM i, 7.1, 7.2 e agora 7.3 mais rapidamente que no passado. A equipa do IBM i tem sido mais ágil para trabalhar mais rapidamente. Estou contente com o conteúdo de software do IBM i e claro, corre nos nossos sistemas. Em relação aos resultados, o IBM i tem estado estável e cresceu um dígito no segundo trimestre.

Transformação digital: qual o contributo da IBM?

Os nossos clientes todos estão a passar por essa transformação digital. Não há um cliente no planeta a quem isso não esteja a ocorrer. Até nós, como companhia, estamos a passar por isso. Grande parte disso é transitar para a era da nuvem e do cognitivo. Vemos isso diretamente conectado com o que os clientes precisam fazer para serem totalmente digitais. O que estamos a fazer com o Power na transformação digital é para que seja essa plataforma para o cognitivo, entregue na nuvem – quer seja on premise, off premise ou híbrido.

Como é a integração do Power Systems com outras plataformas nos clientes?

Uma grande aprendizagem para nós à medida que entramos nesse enorme mercado de servidores Linux foi relacionado a não sermos incumbentes. Somos o novo player a entrar, com uma plataforma diferenciadora. Mas o que nó não queria fazer era entrar e pedir ao cliente para mudar o seu modelo operacional. Então falámos que íamos suportar OpenStack, porque isso é o que os clientes estão a usar, criamos o Power VC. Anunciámos suporte total a OpenStack para alguns dos nossos parceiros de distribuição, como Ubuntu, no futuro RedHat, e Mirantis.

Pode elaborar nessa parceria com a RedHat, como ajudará no posicionamento?

Nós temos um longo relacionamento com a RedHat nas plataformas z e Power. Com base na nossa estratégia para Linux em Power, a questão que os nossos clientes colocaram é que queriam ter mais RedHat. Então a direção é criar um laboratório conjunto de inovação para trazer mais do stack RedHat para a plataforma Power. Para os clientes, é um bom sinal da vitalidade da RedHat.

Como a IBM está a passar essa nova mensagem de abertura?

Antes, a equipa Power fazia tudo: era nosso sistema operacional, nosso hardware. Agora, estamos a criar produtos e soluções que dependem totalmente dos nossos parceiros. Acabámos de anunciar uma parceria com a NVidia, em estamos a integrar a sua propriedade intelectual no nosso chip. Isso é uma grande aposta, porque eles têm uma das melhores placas gráficas do mercado. É uma equipa Power muito diferente de há três anos, uma cultura e estratégia muito diferentes. Curiosamente, o meu concorrente Intel está indo na direção oposta. A Intel está a fechar-se, e nós estamos a abrir-nos. O mundo está ao contrário.

A Intel tem uma “certa” vantagem em quota de mercado. 

Sem dúvida. Mas está a ficar no ponto para sofrer uma disrupção. Já vimos isso muitas vezes no mercado, o incumbente que tenta proteger-se e de repente sofre essa disrupção.

 

Qual sua mensagem para os CIOs?

Nós precisavamos de transformar a plataforma Power para ser relevante no futuro. Por isso digo sempre : “não pense em nós como o que éramos, mudámos.” A minha mensagem é: eu garanto que vocês vão fazer algo relacionado com big data, que estão a olhar para a nuvem e para cognitivo, experimente o Power. É a melhor plataforma para isso.

 

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

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