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EUA: Despedimentos nas TI em 2016 devem alcançar os 260 mil, diz analista

Os trabalhadores de algumas das maiores empresas de tecnologia começam agora a ter razões para algum nervosismo. De acordo Trip Chowdhry, analista do Wall Street e co-fundador do Global Equities Research Analyst, os despedimentos coletivos deste ano podem levar à extinção de 261,800 cargos. Com esse número de demissões projetadas, basicamente estaríamos a falar de um quarto dos moradores de San Jose, na Califórnia.

De acordo com Trip Chowdhry, entrevistado pela Information Week, dez grandes empresas de tecnologia são passíveis de ter o maior golpe do machado para a sua força de trabalho, com base em um ou mais destes quatro fatores:

Mudança de tecnologia. “Cloud e tecnologias móveis têm aumentado a produtividade de um empregado de forma exponencial”, disse Chowdhry em entrevista àquela revista. “O que isto significa é que o número de funcionários necessário para fazer um certo tipo de trabalho é menor.”

Micro-serviços, tais como computação em nuvem melhorar a eficiência de TI. O termo “micro-serviços” significa software que pode ser executado em uma fração do hardware que foi previamente necessário por um cliente, disse aquele responsável. Serviços em nuvem como Amazon Web Services ou Azure da Microsoft são alguns exemplos.

Integrar tecnologia já não é valorizado. “No mundo antigo, uma empresa faria os servidores, outra empresa faria a rede, e outra empresa faria as aplicações. E seria uma empresa on-premise. Assim, era necessário contratar muitas pessoas para configurar middleware ou trabalhar com o banco de dados. E outro monte de pessoas tinham de gerir os processos de back-end. Mas quando a empresa vai para a nuvem, já não é preciso esses funcionários de back-end “, disse Chowdhry.

Mudança comportamental do consumidor. Quando os consumidores mudam para um novo site preferido, os anunciantes vão segui-los, explana Chowdhry. Como resultado, os sites dependentes de publicidade vão ser gravemente feridos.

Mas embora Chowdhry preveja 261,800 demissões em empresas de tecnologia este ano, Toni Sacconaghi, analista de pesquisa sénior da Sanford C. Bernstein, duvida que a profundidade das demissões na IBM atinja os níveis que Chowdhry está a projetar. A estimativa de Chowdhry é quase sete vezes maior do que a de Sacconaghi, por exemplo.

Além disso, enquanto se espera que estes gigantes das tecnologias demitam milhares de trabalhadores este ano, a verdade é que também estão a contratar. Segundo a Information Week, a IBM, por exemplo, tem 877 postos de trabalho de tecnologia da informação anunciadas no seu site, enquanto a Hewlett Packard lista 270 empregos de tecnologia da informação. Aliás, no mundo empresarial americano é uma prática bastante comum que quando uma empresa reduz pessoal, vai contratar novos trabalhadores para se concentrar em áreas de crescimento.

No desenvolvimento dos números de demissões, Chowdhry reconheceu que teve de rever em baixa a sua estimativa já que os valores apresentados para a HP Enterprise e HP inicialmente não abarcavam a divisão da empresa. Os valores aqui revelados já contemplam essa divisão.

Alguns exemplos dados pelo analista.

VMware

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 10% a 15%

Número estimado de empregados: 1.700 a 2.500

Diz a Information Week que a VMware é uma vítima da mudança de tecnologia para a nuvem, à medida que os seus clientes de virtualização começaram a olhar para empresas como a Amazon e a Microsoft para garantir o seu micro-serviço de computação em nuvem. Além disso, observou Chowdhry, a VMware também enfrentou o problema de precisar de um grande número de funcionários para gerir o processo de back-end.

Symantec

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 15%

Número estimado de empregados: 2.800

Uma queda de 6% na receita, para 909 milhões dólares, e uma queda de 23% no lucro líquido, para 170 milhões de dólares. Como resultado, não é nenhuma surpresa que a gigante do software de segurança precise cortar custos, o que poderia significar potenciais demissões.

Yahoo

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 30%

Número estimado de empregados: 3.500

Em fevereiro, a Yahoo disse que iria cortar 15% da sua força de trabalho, ou seja, cerca de 1.700 postos de trabalho. Um anúncio feito com base no pressuposto da reestruturação da companhia e vendendo seus ativos non-core. Mas o plano, desde então, já mudou. E agora dizem que essa reestruturação vai incluir os principais ativos da Yahoo. Portanto, o âmbito das dispensas pode ser potencialmente muito mais amplo.

EMC

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 15% a 20%

Número estimado de empregados: 10.000 a 14.000

Também não é novidade. Aliás, em recente entrevista à B!T, a responsável pelo mercado nacional voltou a referir os planos da empresa. A verdade é que o gigante norte-americano está a lutar contra o facto dos seus clientes estarem a fazer uma mudança de tecnologia desde comprar os seus equipamentos de armazenamento para passarem a usar serviços em nuvem como Amazon Web Services e Azure da Microsoft.

Cisco Systems

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 20%

Número estimado de empregados: 14.000

Em 2015, o corte foi de 2.200 funcionários, como resultado de um plano de reestruturação. Mas Chowdhry, estima são esperados mais baixas em 2016, apesar da empresa ter anunciado resultados fiscais melhores do que os esperados para o segundo trimestre.

HP Inc.

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 30%

Número estimado de empregados: 14.000

Em fevereiro, no anúncio dos resultados do primeiro trimestre, a empresa anunciou a intenção de acelerar o seu plano de reestruturação, o que deverá dispensar mais trabalhadores do que anteriormente pensava, diz o analista à Information Week.

Microsoft

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 15%

Número estimado de empregados: 18.000

Alguns dos despedimentos que Chowdhry espera que a Microsoft faça este ano são parcialmente provenientes do plano da empresa em eliminar até 7.800 posições. O corte é esperado estar concluído até 30 de junho como parte do plano de reestruturação da divisão de telemóveis, de acordo com a demonstração financeira da Microsoft.

Oracle

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 20%

Número estimado de empregados: 26.000

A Oracle é mais um exemplo de um gigante das TI atingida por uma mudança de tecnologia e do movimento dos seus clientes para micro-serviços, disse Chowdhry, justificando assim os potenciais despedimentos na empresa.

No ano passado, com o plano de reestruturação em andamento, a Oracle começou a consolidar os seus serviços de suporte a software em entidades instaladas no Reino Unido, de acordo com uma reportagem do The Register, que estimou ter resultado no despedimento de mil trabalhadores. Os serviços de apoio dos EUA deverá ser os próximos a serem reestruturados.

Hewlett Packard Enterprise (HPE)

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 30%

Número estimado de empregados: 72.000

A Hewlett Packard disse na sua mais recente teleconferência sobre os resultados em março que esperava eliminar 3.000 posições até o final do primeiro trimestre. Isso é apenas uma fração dos aproximados cortes de 30 mil empregos que planeia cortar até o final de 2018, de acordo com a sua apresentação com a Comissão de Valores Mobiliários.

O valor de 72 mil despedimento é justificado por Chowdhry pela mesmo tripla ameaça que se abateu sobre a VMware: a mudança de tecnologia, os clientes que estão se a mover para micro-serviços como computação em nuvem e menos dependência em relação à necessidade de empregar um número maior de trabalhadores que manipulam o processo de back-end à medida que o negócio se move em direção a nuvem.

IBM

Percentagem estimada de postos de trabalho a ser cortada este ano: 25%

Número estimado de empregados: 95.000

A Big Blue deverá ser a empresa que mais despedimento vai fazer em 2016. Isto, claro, segundo Chowdhry. Segundo o analista, a IBM está a sofrer os desafios de uma mudança de tecnologia para a nuvem, onde os seus clientes já não precisam de comprar o seu hardware, como no passado.

Susana Marvão

Jornalista especializada em TIC desde 2000, é fã incondicional de todo o tipo de super-heróis e da saga Star Wars. É apaixonada pelo impacto que as tecnologias têm nas empresas.

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