Fundador do Linux: receios de que a IA possa destruir a espécie humana são “má ficção científica”

O fundador do Linux Linus Torvalds desvaloriza os receios de Elon Musk, Stephen Hawking e outros, afirmando que não há nada a temer.

Torvalds diz que não partilha a visão de que a inteligência artificial (IA) representa uma ameaça para a espécie humana, descrevendo esse medo como “má” ficção científica.

Elon Musk, CEO da Tesla, o professor Stephen Hawking e o cofundador da Apple Steve Wozniak estão entre as figuras da tecnologia e ciência que têm expressado as suas preocupações, com Musk a doar dez milhões de dólares para nos proteger da ameaça iminente e Wozniak a dizer que vai chegar o dia em que as máquinas vão tratar os humanos como animais de estimação.

Mas numa Q&A com os utilizadores do Slashdot, Torvalds disse que não percebia “a razão de ter medo”.

“Nós vamos ter IA, e vai ser quase certamente através de algo muito parecido com as redes neurais recorrentes”, disse em resposta a um utilizador. “E a questão é que, uma vez que esse tipo de IA vai precisar de treino, não vai ser ‘fiável’ no sentido do computador tradicional. Não estamos no tempo da linguagem prolog, em que as pessoas pensavam que entendiam as verdadeiras tomadas de decisão na IA”.

“E isto torna a questão muito interessante, claro, mas também faz com que seja mais difícil de desenvolver esta tecnologia. Isso vai limitar onde vamos encontrar essas redes neurais, e que tamanho, inputs e outputs vão ter”.

“Eu esperaria então algo mais (e mais sofisticado) do que IA orientada e parecida com o ser humano. Reconhecimento de linguagem, reconhecimento de padrões, coisas desse género…não consigo imaginar uma situação em que de repente tenhas uma crise existencial porque a tua máquina de lavar louça começou a discutir Sartre contigo”.

“Eventos como a ‘singularidade tecnológica’? Sim, é ficção científica, e não é muito boa ficção científica nesse aspeto, a meu ver. Crescimento exponencial infinito? Que drogas tomam essas pessoas? A sério”.

Na Q&A, Trovalds disse que não pensa que irá haver um “grande acontecimento” no desenvolvimento do sistema operativo kernel e discutiu a sua visão sobre tecnologia de processador, linguagens funcionais e o mercado de jogos do Linux. Afirmou ainda não ter defendido nenhum projeto de open source em particular.

A mais recente versão do Linux, Linux 4.2 – rc1, que ficou disponível no início desta semana, trouxe um milhão de novas linhas de código.