Internet grátis do Facebook cancelada no Egipto

O programa de acesso gratuito a vários sites e aplicações estava a funcionar há cerca de dois meses e já cobria três milhões de egípcios. Foi lançado no âmbito de uma parceria com a Etisalat Egypt, uma das muitas operadoras que embarcaram no projeto Free Basics (antes conhecido como internet.org) do Facebook.

Não foram dadas explicações para o encerramento. A rede social enviou uma nota à Associated Press informando sobre o sucedido, referindo o seu desapontamento e afirmando a sua esperança de “resolver a situação rapidamente” para que o acesso possa ser restaurado.

A parceria entre o Facebook e a Etisalat foi um dos temas referidos no RiseUp Summit 2015, um evento de empreendedorismo e inovação que decorreu há poucas semanas no Cairo e teve a participação da rede social, além de outros gigantes da área.

A AP indica que nem as autoridades egípcias nem a Etisalat quiseram fazer comentários ou explicar o problema, mas a verdade é que o Free Basics tem encontrado obstáculos por todo o lado. Os críticos acusam a rede social de, na prática, desrespeitar a neutralidade da rede que é defendida pelos reguladores. No caso da Índia, onde o serviço foi suspenso na semana passada, o regulador das comunicações está a investigar a conformidade da parceria com a Reliance Telecommunications.

O problema é que o acesso à gratuito mas apenas para um número selecionado de sites e aplicações – com a app do Facebook e a do Messenger à cabeça. Zuckerberg escreveu mesmo uma crónica no Times of India rejeitando as críticas. “Em todas as sociedades, há certos serviços básicos que são tão importantes para o bem-estar das pessoas que esperamos que toda a gente possa aceder aos mesmos de forma gratuita”, indicou, referindo de seguida livros, saúde e educação. “Não há base válida para negar às pessoas a escolha de poderem usar o Free Basics”, sublinhou.

Do lado contrário, Nikhil Pahwa, da organização SaveTheInternet, argumenta que o Facebook não pode escolher a que sites dará acesso aos pobres, e que o direito a uma internet livre não pode ser trocado por migalhas. Há vários programas alternativos e low-cost de acesso à internet em países em desenvolvimento, como um da fundação Mozilla. A neutralidade da rede, lembra, é não dar uma vantagem competitiva a qualquer site ou aplicação.

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

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