Mais um obstáculo para empresas estrangeiras que queiram operar na China

Um passo para a frente e dois passos para trás. Depois de no passado dia 19 de junho ter dito que iria permitir que negócios de comércio eletrónico totalmente detidos por empresas estrangeiras operassem no mercado da China, com vista à captação de investimentos de além-fronteiras, Pequim retrocede naquela que poderia ter sido considerada uma tímida fresta na “muralha digital” chinesa.

Uma das vértebras da nova lei, cujo propósito é, alegadamente, reforçar a segurança nacional da China, visa tornar todas as infraestruturas de rede e sistemas informáticos “seguros e controláveis”, de acordo com a Reuters. Esta medida poderia ser considerada algo previsível, se se considerar o historial de censura e hipervigilância que caracteriza o Estado chinês, que, apoiando-se no mote “Em prol da segurança da nação!”, tem atuado com um verdadeiro lápis azul das esferas tecnológicas e informáticas, que veiculam a liberdade e ideiais democráticos que colocam em risco o poderio do regente Partido Comunista da China.

Apesar do Presidente Xi Jinping afirmar que esta lei procura reforçar a segurança de áreas como a política, a cultural, a militar, a económica, a tecnológica e a ambiental, alguns grupos empresariais estrangeiros e diplomatas, segundo a agência noticiosa britânica, consideram-na demasiado vaga e temem que obrigue as tecnológicas forasteiras a fabricar os seus produtos em território chinês ou a abrir mão dos direitos de propriedade intelectual para que os reguladores tenham acesso às tecnologias.

Uma representante da Comissão de Assuntos Legislativos, da Assembleia Popular Nacional (NPC), garantiu que a China continua empenhada em fortalecer o seu compromisso para com o sucesso de negócios estrangeiros no mercado chinês. No entanto, ela não deixou de referir que o governo vai dispor de todos os seus direitos para proteger os interesses do país, como a defesa do espaço aéreo e dos mares territoriais. A lei foi aprovada por unanimidade no NPC.

Esta medida, como muitas outras tomadas até agora por Pequim sob o pretexto de reforço da ordem e segurança, surge depois de Edward Snowden ter revelado que agências de inteligência norte-americanas realizavam operações de espionagem eletrónica e digital em países estrangeiros.

Filipe Pimentel

Formado em Ciências da Comunicação, tem especial interesse pelas áreas das Letras, do Cinema, das Relações Internacionais e da Cibersegurança. É incondicionalmente apaixonado por Fantasia e Ficção Científica e adora perder-se em mistérios policiais.

Recent Posts

Apagão deixa Portugal sem telecomunicações

A falha de energia que afetou também Espanha e outros países europeus ao longo do…

2 dias ago

Rui Vieira responsável da Celfocus pela parceria com a Microsoft

O seu percurso inclui funções na Accenture e na Microsoft, o que lhe confere uma…

4 dias ago

Lenovo apresenta novo portefólio de produtos

A gama inclui PCs Copilot+, como as workstations móveis ThinkPad P14s Gen 6 AMD e…

1 semana ago

Bright Pixel em ronda de financiamento

Com este financiamento, a tecnológica irá desenvolver a nova solução de proteção digital para CEOs…

1 semana ago

MEO e Perplexity AI junto em parceria para IA

Os  clientes do MEO poderão aceder gratuitamente, durante 12 meses, à versão avançada da plataforma…

1 semana ago

Em Maio nasce a Startuppers

A 351 Associação Portuguesa de Startups une-se a grandes nomes da tecnologia para lançar a…

2 semanas ago