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Novas tecnologias no negócio: risco ou oportunidade?

O papel que as Novas Tecnologias desempenham no âmbito do negócio de uma empresa não parece ser consensual. Alguns gestores acreditam que o progresso tecnológico motoriza o crescimento e a inovação, outros, por seu lado, sugerem que soluções disruptivas colocam em risco o negócio, expondo-o a novas ameaças. No entanto, uma coisa é certa: o negócio acarreta sempre riscos, que as empresas têm de gerir devidamente para não ruir sob o peso da inovação.

Durante o décimo ciclo de conferências Worldwide User Group (WUG), organizado pela portuguesa WeDo Technologies, um painel composto por Ann-Mari Doody, da SAP, Graça Fonseca, da Câmara Municipal de Lisboa, João Couto, da Microsoft, e Luiz Ponzoni, da PwC Brasil, discutiu de que forma podem as Novas Tecnologias ajudar as empresas a crescer sem incutir risco no negócio.

Ao longo da conversa, denotou-se que embora sejam inegáveis e claros os benefícios para os negócios e para as empresas que os governam, as novas tecnologias, inovadoras mas disruptivas, obliteram os modelos de negócio canónicos, deixando, muitas vezes as organizações, à mercê de novas ameaças.

Ann-Mari Doody, diretora da unidade de negócio e de parceiros de canal da SAP no sul da Europa, começou por dizer que as empresas hoje estão mais expostas ao risco do que antes, tendo como motor a evolução tecnológica. Contudo, a executiva considera que a tecnologia não é a causa primária, mas sim a forma incorreta como as empresas a implementam no seu negócio. “A tecnologia permite a disrupção. A tecnologia, em si, não é disruptiva”.

Por sua vez, Graça Fonseca, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa para a Economia, Inovação, Educação e Reforma Administrativa, afirmou que no setor público são evidentes dificuldades em adotar novas tecnologias, relacionadas não só com morosos e incapacitantes processos burocráticos, mas também com dúvidas acerca da melhor solução a adotar. Neste setor, referiu Graça Fonseca, é relevante implementar soluções que sejam abrangentes e flexíveis, de modo a ser criada uniformidade entre os vários órgãos mas também que as necessidades particulares de cada um deles sejam atendidas.

A vereadora disse ainda que é mais fácil colaborar com uma startup do que com uma empresa grande, visto que estas jovens, mas impetuosas, empresas focam-se fortemente na resolução de um problema específico, sendo que, segundo consta, as suas soluções são mais flexíveis e, por conseguinte, mais facilmente aplicadas. Graça Fonseca mostrou-se confiante de que, dentro dos próximos anos, as startups desempenharão um papel mais preponderante no setor público português.

Quando questionado acerca dos riscos que as novas tecnologias podem representar para o negócio, João Couto, diretor-geral da Microsoft Portugal, respondeu: “O maior risco, hoje, é não fazer nada”. Com esta sentença, o executivo refletiu sobre a capacidade das organizações tradicionais para acompanharem o progresso tecnológico. A conclusão que emergiu foi simples, mas algo desanimadora: a velocidade de evolução é vertiginosa, e as empresas podem não estar a conseguir manter ritmo. No entanto, um raio de luz rasga a nuvem negra, visto que os novos gestores, os executivos das startups, disse o CEO, veem o negócio com outros olhos, através de modelos reformados que levam a que estas entidades alcancem uma escalabilidade superior à das suas congéneres tradicionais.

Luiz Ponzoni, parceiro na PwC Brasil, avançou que “não há negócio sem risco” e que “a tecnologia está a modificar todos os negócios e introduz novos riscos”. Ponzoni declarou que é preciso adotar uma diferente abordagem ao risco, pois as técnicas que são hoje aplicadas, que datam do passado, não são já eficientes no mercado atual. O executivo disse, não obstante, que as tecnologias abrem as portas ao crime financeiro, à fraude. Indicou que cerca de 70 por cento das fraudes têm origem no seio da própria organização, e que 75 por cento das vezes, o motivo prende-se com a oportunidade, gerada pela falta de controlo e pela escassa visibilidade das operações de negócio.

O ministro da Economia, António Pires de Lima, encerrou esta décima edição do WUG da WeDo referindo que Portugal é bastante competitivo na área dos serviços de TI, e que os investimentos no país começam já a mostrar sinais de uma recuperação.

“A situação não é ainda a ideal”, confessou Pires de Lima, mas acrescentou que Portugal deverá continuar a recuperar, e que ao longo deste ano alcançará novos níveis de desenvolvimento e de atração de capital externo. O ministro disse que o nosso país é um “excelente ponto de começo para um negócio na Europa” e que “a oportunidade para investir em Portugal é agora”.

Filipe Pimentel

Formado em Ciências da Comunicação, tem especial interesse pelas áreas das Letras, do Cinema, das Relações Internacionais e da Cibersegurança. É incondicionalmente apaixonado por Fantasia e Ficção Científica e adora perder-se em mistérios policiais.

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