SAP Portugal já vai no quarto ano de crescimento consecutivo

2013 foi o quarto ano consecutivo que a SAP Portugal apresentou claros sinais de crescimento. Mas mais: 2013 foi o melhor ano de sempre da sucursal nacional. Foram 70 milhões de euros de volume de negócios, o que valeu um crescimento de 22% face aos 57,25 milhões obtidos em 2012. Paulo Carvalho, diretor-geral da empresa no nosso país, relembrou que melhor ano até agora tinha sido o de 2008 quando a subsidiária portuguesa faturou 60,1 milhões de euros.

43646-hi-SAP_HQA SAP Portugal obteve, em 2013, a melhor faturação e os melhores resultados de sempre. Foram 70 milhões de euros de volume de negócios, um crescimento de 22% face aos 57,25 milhões obtidos em 2012. Foi desta forma, e com um claro sorriso estampado no rosto, que Paulo Carvalho, diretor-geral da casa portuguesa do gigante alemão, começou a conferência de imprensa de apresentação dos resultados locais que, pelo quarto ano consecutivo, apresentam claros sinais de crescimento.

O melhor ano da SAP até agora tinha sido o de 2008 quando a subsidiária portuguesa faturou 60,1 milhões de euros. O crescimento de 22% em 2013 foi, segundo Paulo Carvalho, a conjugação de dois fatores. Por um lado, o facto do negócio centrado em Portugal ter crescido – e continua a ser a maior fatia do negócio – e, por outro lado, a exportação praticamente ter duplicado, algo que o diretor-geral admitiu já estar à espera. “Este é um negócio que tem de estar muito próximo de crescimentos de triplo dígito e assim vai continuar no próximo ano, pelo menos é o que esperamos”.

Aliás, Paulo Carvalho tem a ambição de que a SAP Portugal, dentro de poucos anos, consiga exportar mais do que importa. A empresa importa propriedade intelectual e exporta serviços de valor acrescentado. “O peso da exportação de serviços no total da faturação subiu de 15% para 23%. Isto prova que o que a SAP tem para oferecer às empresas e ao mercado é reconhecido e é necessário”.

ERP já “só” significa 27% do negócio

A SAP, que este ano cumpre 42 anos, até há quatro anos estava muito focada no ERP, ou seja, nos diferentes domínios do software de gestão empresarial. Essa estratégia tem vindo a ser alterada, justificada pela procura de novos mercados e novas oportunidades. As empresas, hoje, gerem o seu negócio de forma diferente pelo que havia necessidade de adaptar a oferta. Por isso, atualmente, temas como as áreas analíticas, as áreas de bases de dados “in memory”, mobilidade, cloud e toda a gestão avançada do negócio dominam a atividade da SAP em termos globais. “Os resultados da SAP talvez sejam um excelente exemplo deste foco da empresa. Há cinco anos, 75% do nosso negócio em Portugal era ERP. O ano passado, este valor foi de 27%. Significa que 73% do nosso negócio já não é ERP.” Aliás, o mercado de Enterprise Resouce Planning não deverá apresentar grandes crescimentos, até porque a maioria das empresas já fez esse investimento em anos anteriores. “É verdade que a SAP tem o compromisso de continuar a inovar neste setor, mas sobretudo tem de preparar as empresas para melhor competir e inovar utilizando a informação que têm ao seu dispor”. Esta é uma tendência não só obviamente de Portugal mas de todas as casas SAP onde, na maioria, dois terços do negócio já está fora do ERP. As áreas de maior crescimento são agora bases de dados “in memory”, cloud e mobilidade.

2014 é para continuar a crescer

Para 2014, a ambição é obviamente continuar a crescer. Paulo Carvalho explica que sendo a SAP uma empresa internacional, a estratégia de Portugal está muito ligada à do grupo, mas explicita acreditar que é possível crescer já que a própria oferta da empresa alemã cresceu. “A SAP ocupa hoje espaços que antes não ocupava. Acreditamos que a área de maior crescimento nos próximos anos seja a de cloud e SaaS. O mercado está a mudar e a forma como as empresas querem consumir e inovar é um desafio para o qual estamos preparados. É uma área de grande oportunidade”.

Neste campo, a SAP desde sempre fez um misto de crescimento orgânico e de aquisições, sendo que não havia aquisições no nosso país. “Tivemos que começar mais atrás do que outros países. É verdade que na Europa estamos um pouco atrasados face aos Estados Unidos na adoção da cloud, mas acreditamos que nos próximos 12 a 18 meses nos vamos aproximar do ritmo a que nos EUA a cloud está hoje a ser adotada. E em Portugal essa será, seguramente, a área de maior crescimento nos próximos dois anos”.

Aliás, para o diretor-geral, a cloud é particularmente um desafio no nosso país, já que as empresas estão ainda a estudar o tema. Ou seja, ainda não começaram seriamente a investir e a mudar a sua estratégia de investimento. “A oferta finalmente chega ao mercado. Estamos focados na oferta de cloud pública e SaaS em três grandes áreas. A primeira é a gestão de capital humano e gestão de talento, que é um grande desafio para as empresas portuguesas. As organizações que querem crescer e não conseguirem alinhar os seus colaboradores na estratégia da empresa – seja na forma como os medem, como os ouvem, como permitem a sua progressão na empresa –, vão ter muitos problemas. Depois, temos a área de gestão de compras. As empresas que se internacionalizam têm de ter acesso a redes de fornecedores e, por outro lado, conseguirem elas próprias colocar os seus produtos e serviços noutros mercados. Sabemos que uma plataforma eletrónica é fundamental para que isso aconteça. A terceira grande área é a gestão de clientes”. Isto porque até há pouco tempo as empresas falavam de CRM mas, no entender do diretor-geral, a maioria não traduziu o investimento em valor para o seu negócio. “Este é um grande desafio”.

Atenção no cliente é primordial

E apesar dos investimentos em CRM não terem sido devidamente traduzidos em negócio, Paulo Carvalho classifica esta área de primordial. E dá o exemplo não só de empresas como a SAP mas também a Amazon ou a Apple que focam a sua permanente atenção no que se vende. “Todos os trimestres há objetivos a cumprir, há consequências sobre os resultados que se apresentam e qualquer empresa bem gerida sabe que vender mais traz, à partida, mais rentabilidade. As empresas portuguesas têm de ganhar escala, têm de ganhar volume e se concentrar nas vendas. Para isso, têm de ter sistemas muito mais ágeis, rápidos e que capturem muito mais o valor da relação com os clientes.”

A SAP tem, hoje, 33 milhões de utilizadores na cloud a nível mundiais. Um número que segundo Paulo Carvalho cresce todos os meses em unidades de milhão. “É preciso perceber o que está a acontecer no mundo”. Mas o gigante alemão não está sozinho no mercado. A concorrência existe mas Paulo Carvalho defende haver uma grande diferença da empresa alemã face aos restantes fornecedores: a capacidade de integrar. “Se olharmos para os fornecedores de cloud e SaaS como soluções pontuais vamos acabar por ter o mesmo problema que tínhamos antes da cloud: sistemas isolados, desintegrados, investimentos que não funcionam entre si e processos de negócios partidos”. Daí que o diretor-geral avança que um dos paradigmas que a cloud não se pode esquecer e vai ter de resolver é a integração de processos de negócio “end-to-end” entre o que está na cloud e o que está dentro da empresa.

Serviços são feitos maioritariamente por parceiros

Quando olhamos para os serviços da empresa alemã, e apesar de aqui não haver indicadores nacionais, tradicionalmente apenas 6% são realizados pela própria empresa, estando a grande maioria nas mãos dos parceiros certificados. “Aqui, a nossa preocupação é garantir que a inovação seja consumida num curto espaço de tempo. Ou seja, os ciclos de inovação que temos hoje são muito menores. Temos um ciclo de novos produtos que passou de seis meses para oito semanas. Hoje, não é possível pensar em projetos de sistemas de informação que demorem dois anos. E essa é a preocupação da SAP em trabalhar com os seus parceiros. Estamos a trabalhar em metodologias de implementação muito mais aceleradas.” Aliás, a cloud é um modelo de negócio que veio precisamente permitir essa agilidade. “A indústria pode agora consumir inovação de uma forma muito mais simples e muito mais rápida. Significa que, hoje em dia, em alguns serviços vamos passar a falar mais em provisionar do que implementar”.

Ainda relativamente ao canal, e agora falando do licenciamento, a SAP continua a ter contratos diretos com muitos clientes. “Mas a nossa intenção é firme. Queremos continuar a trabalhar com parceiros, não só na implementação mas também na venda de software. Por isso estamos a certificar e preparar todos os nossos parceiros – alguns deles que também tiveram de acompanhar a transformação da SAP pois estavam muito focados em ERP – para que também consigam competir e fornecer projetos e soluções diretamente aos nossos clientes”. Paulo Carvalho garante, por isso, que a empresa SAP não compete com os seus parceiros. “Portugal é um país onde os serviços são maduros. Há muita oferta, felizmente é um negócio que continua a ser bom para os nossos parceiros. Não há que mudar esse modelo”.

A plataforma Hana, que permite o processamento de grandes quantidades de dados em tempo real e o fornecimento de resultados de análises e transações de negócio, continua a marcar a agenda da SAP global e também, obviamente, em Portugal. A empresa avançou que esta plataforma ganhou uma grande aceitação por parte das empresas portuguesas, desde pequenas, médias e grandes, totalizando 32 clientes em 20143. Entre eles estão a EDP, grupo Visabeira, Probar, REN e Sumol Compal.

Há vários anos que a SAP faz questão de anunciar os resultados obtidos em Portugal, ao contrário da maior parte das restantes multinacionais. Aos jornalistas, Paulo Carvalho explicou esta postura faz sentido já que apesar da SAP ser uma empresa internacional, opera nos mercados com empresas locais, que pagam impostos em cada geografia. “Acho fundamental que os nossos colaboradores, os nossos parceiros e os nossos clientes conheçam a nossa atividade”.

 

Centro de Serviços aumenta exportações

Em 2012 a SAP inaugurava o seu novo Centro de Serviços com o objetivo de apoiar clientes de 22 países. Na altura, a empresa alemã elegeu Portugal para acolher uma nova estrutura que representou um valor de vários milhões de euros em território nacional, números que a empresa preferiu não tornar públicos. O Centro de Serviços finalizou o ano de 2013 com cerca de 110 colaboradores, uma equipa mais de 80% superior à do início do ano e registou um crescimento significativo da exportação de serviços inovadores de consultoria para clientes SAP na Europa e África. Segundo a empresa, este centro exportou serviços para 15 países em 2013, destacando-se França, Reino Unido, África do Sul e Angola na procura de soluções como a mobilidade empresarial, informação analítica de negócio, área financeira e ainda cloud e tecnologia de processamento em memória. A empresa prevê, para 2014, contratar cerca de 100 novos colaboradores em Portugal, que deverão integrar não só este centro de serviços como também a subsidiária portuguesa

 

Resultados internacionais do primeiro trimestre não foram tão positivos

A 17 de Abril, a SAP dava um alerta de que espera que o impacto negativo de um euro forte piore após divulgar resultados mais fracos do que o esperado para o primeiro trimestre. Segundo a agência Reuters, o alerta surgiu pelo facto da SAP estar a enfrentar um aperto no curto prazo causado precisamente por esta mudança para computação baseada em nuvem, levando a companhia a cortar a sua meta de lucro enquanto espera que a receita com assinaturas ganhe ritmo e aumente os investimentos para poder acompanhar o mercado em rápido crescimento.

A Reuters explora ainda que junto a muitas outras companhias europeias que dependem de receitas vindas de outros países, a SAP foi afetada pela alta do euro. A moeda subiu 2,3 por cento ante o dólar norte-americano e quase 6% contra o iene japonês nos últimos seis meses.

A SAP disse que suas receitas com software e serviços relacionados a software vão cair 6 pontos percentuais no segundo trimestre caso o câmbio permaneça nos níveis de março, enquanto o impacto para o lucro operacional excluindo itens especiais será de 8 pontos percentuais.

O crescimento de 2% no lucro operacional, excluindo itens especiais, para 919 milhões de euros, ficou abaixo até mesmo da previsão mais pessimista de 924 milhões de euros em uma pesquisa da Reuters com analistas. A projeção média era para 961 milhões de euros.