ESPECIAL | Tech Data: empresas estão mais flexíveis à adoção de cloud

São várias as razões pelas quais as empresas começam a adotar cloud . Uma maior flexibilidade por parte das empresas, a projeção internacional que veio impulsionar a procura deste tipo de soluções, a redução/previsibilidade de custos e, por fim, a redução de recursos, disse Ladislau Lopes, Tech Data product marketing director.

O tema governança é, hoje, a principal dúvida das empresas quando pensam a sua abordagem ao cloud computing? Que outras dúvidas assolam os vossos clientes?

Pelo facto das informações financeiras das empresas estarem guardadas em sistemas de informação, os gestores de negócio precisam de ter garantias que as informações nestes sistemas são confiáveis.

Segundo a IDC, os riscos percecionados irão aumentar e foram identificados 4 por ordem de grandeza: Recessão das atividades económicas/queda da procura; Regulamentação restritiva; Concorrência de novas empresas e por fim dificuldade em atrair e reter talentos.

Por exemplo, existem normas suficientes para suportar o movimento de dados de uma plataforma de cloud computing para outra?

Existem alguns métodos utilizados para a migração, sendo que os fatores a ter em conta são essencialmente económicos, de negócio e de segurança.

Deveremos em primeiro lugar definir a estratégia e os objetivos, assim como os owners. Depois há que analisar as varias propostas e modelos disponíveis.

O tema mais preocupante será de seguida a segurança. SLA´s, politicas e controles de segurança e testes exaustivos serão essenciais antes de implementar definitivamente a migração. O tracking e a análise de performance será muito útil para a melhoria da solução.

A IDC (International Data Corporation) divulgou uma pesquisa na qual expressa que no primeiro trimestre do ano passado os investimentos globais em cloud eram cerca de 26%, enquanto que o mesmo número, quando se trata de investimentos na infraestrutura física, aumentaram 6,1%. Confirmam esta tendência?

Na verdade, a maioria das organizações nacionais já utilizam diferentes modelos de serviços cloud computing–públicos, privados e em ‘hosting’, sendo que as maiores vantagens são a utilização diferenciada consoante os modelos e redução de custos.

Segundo a IDC, apenas 9% das empresas tem uma estratégia “cloudfirst”, mas mais de 70% avalia em circunstâncias idênticas serviços cloude on-premise. Outro facto interessante é que mais de 80% das organizações já colocaram mais de 10% das cargas em cloudcomputing. Relativamente ao investimento e, ainda segundo a IDC, a despesa com serviços de cloudcomputing já representa 22% do orçamento de TI das organizações nacionais e em 2020, vai representar mais de 43% do orçamento de TI.

Quanto à Tech Data, está a ser feita uma grande aposta nesta área, e é de facto inegável que esta é uma área que está em rápido crescimento e com uma procura cada vez maior por parte dos clientes.

As consultoras advogam ainda que a adoção da nuvem em larga escala e a concorrência entre os fornecedores das tecnologias tem diminuído o custo da nuvem privada. Corroboram esta opinião?

A Cloud pública é aquela na qual os serviços e a infraestrutura são fornecidos baseados exclusivamente em padrões standarts de Internet, e estas clouds normalmente oferecem um maior nível de eficiência em recursos compartilhados,mas no entanto, são também mais vulneráveis do que as clouds privadas. Por outro lado a cloud pública é uma boa escolha quando a necessidade é padronizada e não requer infraestruturas complexas.

A Cloud privada é aquela construída para uma necessidade específica de cada negócio, pois oferecem um elevado nível de segurança e controle. Seguramente será a mais adotada pelas empresas e consequentemente onde a concorrência será mais ativa.

O que tem vindo a mudar, em Portugal, na adoção do cloud computing por parte das empresas?

Temos de facto assistido a algumas mudanças, por parte das empresas, na adoção do cloud computing. Antes de mais é notória uma maior flexibilidade nas empresas, depois temos a questão da projeção internacional que veio impulsionar a procura deste tipo de soluções. Outro aspeto determinante é a redução/previsibilidade de custos e , por fim, a redução de recursos.

2016 vai ditar a “morte” das nuvens públicas empresariais?

Penso que não, uma vez que os maiores fabricantes de soluções de cloud publica, continuam a investir e desenvolver a sua oferta nesta plataforma.

Mais do que uma guerra pelas infraestruturas, agora vamos ter uma verdadeira luta pelas aplicações?

A Amazon, a Google e a Microsoft estão numa disputa de preços nos serviços de cloud pública. E, ao mesmo tempo, os fornecedores mais estabelecidos, como a HP e a Microsoft, estão a promover cada vez mais as clouds híbridas, que integram software a correr em plataformas públicas, com outros executados em centros de dados dos clientes.

O que distingue a vossa abordagem à cloud dos restantes players?

Importa em primeiro lugar salientar que no que se refere à Cloud hoje em dia os players são muitos, nomeadamente a quem o utilizador final pode adquirir, desde o fabricante, ISV, Solutions providers, telcos, retailers ou revendedores de TI. A Tech Data enquanto distribuidor de TI mantem o seu modelo de operação para disponibilizar a oferta dos fabricantes que representa aos seus clientes, entenda-se os revendedores de informática, e nesta ótica qualquer das entidades atrás referidas como fornecedores de Cloud são clientes ou potenciais clientes Tech Data.

A abordagem da Tech Data à Cloud está assente num modelo diferente do que até à pouco era a sua génese – o modelo transaccional –  embora em alguns casos já no caminho da especialização e da oferta de valor acrescentado. A Cloud baseia-se num modelo de agregação de soluções e serviços e a forma que encontramos para o fazer foi a disponibilização de uma plataforma – o StreamOne – que permite a coexistência dos vários players, sejam eles clientes ou revendedores/integradores, e sempre que os nossos parceiros se tornem eles próprios fornecedores de soluções nesta mesma plataforma.

O StreamOne funciona assim como um marketplace ao dispor de clientes e fornecedores, de uma forma gratuita, onde em conjunto com a oferta existente de cada um, uma infinidade de soluções e serviços podem ser utilizados para enriquecer e diferenciar as ofertas. Sem o StreamOne esta oferta de soluções e serviços tornar-se-ia muito limitadora, difícil, e sem tirar proveito do efeito de escala sob a qual assenta.

Há que referir que o StreamOne é ainda disponibilizado num modelo whitelabel, onde tenha o parceiro ou não a seu site de comercio eletrónico, poderá utilizar e personalizar esta plataforma como sendo seu, capacitando-o inclusive para adaptação aos seus objetivos e interesses.

Por fim, é de mencionar ainda que o StreamOne é um projecto em evolução, ou seja não pretende ser uma ferramenta estática, mas sim uma ferramenta dinâmica e em constante evolução ao serviço dos nossos parceiros.

Que percentagem do vosso negócio é já conquistado através deste modelo?

Numa perspetiva do negócio de software em licenciamento onde a Cloud se encaixa, se em 2014 representava à volta de 10%, onde se destacam os principais fabricantes, Microsoft e Adobe, em 2015 já valeu cerca de 30%, ainda como principais motores obviamente a Microsoft e Adobe mas já a contarmos com a presença de outros fabricantes mais pequenos mas que passaram a assumir um papel fundamental na integração de novos serviços, como por exemplo a BitTitan ou a Quattro, havendo um roadmap de integrações até ao final do ano de dezenas de outros fornecedores.

Importa ainda referir que em 2014, 16% do total de parceiros Microsoft que comercializavam soluções de licenciamento, já comercializavam as soluções Cloud, em 2015 já eram 55% e neste primeiro trimestre do ano contamos já com um significativo número de 70%.