Opinião | Data centre all-Flash: obstáculos à realidade

A ideia de um data centre totalmente assente em Flash tem sido passada desde há muito, contudo, a sua concretização ainda está longe de se tornar realidade. Se é verdade que a Flash é ideal para programas e dados em que o acesso rápido e regular é essencial, ela também tem sido vista como uma abordagem cara para um armazenamento mais profundo e para o funcionamento de aplicações menos críticas.

* Daniel Cruz, Territory Manager NetApp Portugal

 Agora, todavia, os obstáculos ao data centre all-Flash podem estar a ser removidos tanto do ponto de vista empresarial como do ponto de vista técnico. Aliás, a Gartner prevê que, embora hoje ainda não haja data centres a usar apenas arrays all-Flash para dados primários, em 2020 serão 25% a fazê-lo.

Estas novas possibilidades para um data centre all-Flash começam com o crescimento da ‘economia da expectativa’, a ideia de que a conveniência criada pela tecnologia, sobretudo pelos smartphones, tem levado a uma expectativa por parte dos consumidores de que poderão ter acesso a serviços e informações instantaneamente e em qualquer lugar. Isto coloca os negócios sob imensa pressão para proporcionar experiências que sejam absolutamente ininterruptas, e cria enormes oportunidades para quem for capaz de corresponder a essas expectativas. Empresas como a Uber, a AirBnB e a Deliveroo são produtos da, e estão a capitalizar a, economia da expectativa. Os seus negócios foram construídos em torno da velocidade e da agilidade, a partir da experiência que fornecem ao consumidor através das suas operações de gestão de dados e infra-estrutura. O armazenamento Flash apresenta oportunidades transversais a estes negócios. É um suporte fiável e rentável para a utilização extremamente elevada e intensa das suas aplicações, mas também uma abordagem sem peso. Consome menos energia e menos espaço, o que significa que eles se podem mudar para novos locais e construir um data centre baseado em Flash com menos exigências de infra-estruturas e, consequentemente, em linha com a sua rápida expansão.

Em termos de economia básica no data centre, a Flash está a tornar-se cada vez mais barata de comprar, eliminando a antiga barreira que tinha sido criada pelo baixo custo comparativo dos discos rígidos (HDD). A Flash sempre representou poupanças em OPEX – consumo mais baixo e menores necessidades de espaço e de manutenção. A combinação de ambas tornam cada vez mais a Flash na escolha óbvia para armazenamento primário. Tecnologicamente, a Flash, uma vez desenhada para um desempenho extremo, só tem assistido à expansão e aprofundamento contínuos das suas capacidades com deduplicação, compressão, maior escalabilidade, aceleração de desempenho e encriptação introduzida nos últimos anos. Estes desenvolvimentos têm tornado o armazenamento Flash numa solução viável para um número crescente de aplicações e necessidades. Esta área é, claramente, aquela que poderá criar mais obstáculos ao data centre Flash. Ainda há um número significativo de aplicações em que o Flash não é considerado uma opção valiosa devido à sua natureza “não mission critical”.

Mas este parece ser o momento para o data centre all-Flash ganhar vida. Para o negócio, um array Flash no data centre tornará qualquer aplicação ou dado, mission critical ou não, disponível de imediato – sem tempos de espera, sem desperdício de tempo, sem frustrações. Isto, à medida que a economia da expectativa leva a que mais aplicações no seio do negócio sejam vistas como críticas para a missão – do alojamento web aos sistemas CRM, faz com que um desempenho fiável seja imprescindível, e apenas possível através do armazenamento Flash. Junte-se o uso crescente da virtualização nas empresas e cada uma das aplicações críticas para a missão poderá ser executada em múltiplas instâncias, simultaneamente – um requisito de acesso cada vez mais instantâneo.

A nível do data centre, uma implementação all-Flash irá mudar não só o que está no data centre, como o próprio rosto deste. A menor dimensão e os menores requisitos de aquecimento e arrefecimento da Flash podem reduzir os requisitos de arrefecimento dos data centres e permitir que as empresas executem os seus serviços em espaços muito mais pequenos e menos construídos à medida. Podem reduzir imensamente os custos de propriedade ou simples realocar espaço vital, fazendo com que zonas pouco utilizadas sejam destinadas a fins mais produtivos.

Finalmente, é verde. O armazenamento Flash requer um consumo significativamente inferior de energia, o que o faz funcionar a um temperatura inferior à de um disco rígido normal, exigindo menos tecnologia de arrefecimento no data centre. Estes factores contribuem para um impacto ambiental significativamente reduzido em todo o data centre (e, claro, em despesas inferiores).

Com todas estas vantagens, a questão passa a ser porque é que as empresas não migram para um data centre all-Flash? É mais pequeno, é mais barato em termos de OPEX e, cada vez mais, em termos de CAPEX, é mais amigo do ambiente, está preparado para as aplicações que quiser fazer dele e, graças à sua fiabilidade e velocidade de leitura/gravação de qualquer tipo de dados, torna-se a plataforma ideal para empresas que procuram abraçar a economia da expectativa. A única coisa que nos retrai a todos é o receio de ser pioneiro, e esse é o verdadeiro berbicacho. A economia da expectativa valoriza a velocidade e a fiabilidade, e o data centre all-Flash é capaz de proporcionar ambos de forma muito mais eficaz do que as abordagens data centre tradicionais. Podemos estar hesitantes, mas os primeiros a adoptarem o data centre all-Flash irão colher uma enorme vantagem competitiva.